Briga com governador pode barrar Jean Wyllys no governo

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Foto: Reproduções/Redes sociais

Os ataques do ex-deputado federal Jean Wyllys contra o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), podem fazer o governo recuar na nomeação do ex-parlamentar para um cargo na Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom). De acordo com fontes consultadas pelo Correio, a situação gerou desconforto no Palácio do Planalto e entre aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A polêmica começou quando Wyllys fez comentários considerados homofóbicos contra Leite, após o governador afirmar que iria manter, no estado, o programa de escolas cívico-militares, encerrado pelo governo federal — acaba efetivamente no final do ano. O ex-parlamentar afirmou que o chefe do governo gaúcho tem “fetiche” por “uniformes”.

“Que governadores héteros de direita e extrema direita fizessem isso, já era esperado. Mas de um gay? Se bem que gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes. Se for branco e rico então”, provocou Wyllys.

Leite respondeu que vai ingressar com uma ação criminal por conta das ofensas que recebeu. “Jean Wyllys dispara também ataques a uma decisão que tomei como governador. Ele pode não concordar, ter outra visão, mas tenta associar essa decisão à minha orientação sexual, e até a preferências sexuais. Por isso, entrei com uma representação contra ele por um ato de preconceito, de discriminação, de homofobia”, anunciou o governador. Além disso, ele comparou a crítica do ex-deputado ao episódio em que sofreu ataques homofóbicos de Roberto Jefferson e às “insinuações de mau gosto” do então presidente Jair Bolsonaro.

Para piorar a situação de Wyllys, em 30 de junho Leite recebeu Lula, a primeira-dama Janja e o ministro da Secom, Paulo Pimenta, para um almoço no Palácio Piratini ao lado do namorado, o médico Thalis Bolzan.

Fontes disseram ao Correio, sob a condição de anonimato, que ainda não está claro qual área Wyllys ocuparia dentro da Secom — cujo convite partiu do próprio Lula e de Janja. Na avaliação dessas fontes, a nomeação é política e não técnica.

O frequente envolvimento de Wyllys em polêmicas e, agora, em uma suposta situação de homofobia, pode representar um custo político muito elevado e prejudicar a imagem do Executivo. Pimenta afirmou, em entrevista ao portal G1, nesta quarta-feira, que Lula não prometeu nenhum cargo a Wyllys.

“Promessa de cargo é uma coisa meio vaga. Nunca houve promessa. O presidente conversou com ele, entrou em contato com ele. O Jean foi para a Bahia, não conversei com ele esta semana. Não tem nada no horizonte, não sei”, disse o ministro.

De volta ao Brasil no começo do mês, Wyllys foi recebido por Lula e Pimenta no Palácio do Planalto. Informações de bastidores começaram a apontar que ele assumiria algum cargo como assessor de planejamento na Secom. A nomeação era defendida por Janja e as recentes declarações do ex-deputado colocaram a primeira-dama e Pimenta em rota de colisão.

Lula vem realizando um esforço para dialogar com setores da oposição e evitar o acirramento dos embates políticos, como ocorreu na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Prova disso é que ele ligou para o governador gaúcho quando o Rio Grande do Sul foi atingido por enchentes decorrentes de um ciclone extratropical que afetou a Região Sul. O presidente ofereceu ajuda, estrutura para resgates e colocou o corpo de ministros à disposição do governo e da população gaúcha.

Correio Braziliense