Lula ignora cassação de Bolsonaro
Foto: Silvio Avila/AFP
Na contramão da ampla repercussão sobre a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro à inelegibilidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se absteve de comentar o assunto. No entanto, ao participar da cerimônia de entrega de residências do programa Minha Casa, Minha Vida, em Viamão (RS), o petista afirmou que o antecessor não entregou obras e se empenhou em mentiras durante o mandato.
“A gente pode mudar este país. A primeira coisa é tentar tirar o ódio de dentro das pessoas. Viajo muito, em todo estado que eu chego, faço a pergunta: alguém me diga uma obra pública feita pelo governo anterior. Na verdade, não existe. Não tem uma obra”, criticou. “Por Deus do céu, eu não sei o que foi feito por quatro anos, a não ser mentira, destilação de ódio, provocação de mentira, ofensas a todo o mundo. Este país não é assim. O povo brasileiro não é assim, é um povo muito fraterno, carinhoso, um povo bondoso. A gente não quer brigar.”
Momentos antes, parte da plateia composta por petistas comemorou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e entoou gritos de “inelegível”.
Após o evento, Lula participou de um almoço oferecido pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. À tarde, o presidente participou da solenidade de inauguração formal dos novos blocos do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), onde também optou em não falar sobre o caso Bolsonaro. Porém, voltou a criticar o ex-chefe do Executivo, chamado por ele de negacionista.
“Precisou acontecer uma desgraça no mundo, uma pandemia, e ter um governo negacionista para que o SUS (Sistema Único de Saúde) pudesse — com todo o sacrifício de falta de recurso, mas com a dedicação de homens e mulheres que, de forma extraordinária, colocaram sua própria vida em risco para salvar a de outras pessoas — ser respeitado como jamais foi”, frisou. “Morreram mais de 700 mil pessoas. Poderia ter morrido mais de 1 milhão, se não houvesse a dedicação dos profissionais do SUS”, emendou.
Lula também falou sobre desmontes em universidades e nas áreas de pesquisa. Disse se reunir com reitores para ouvi-los e “devolver à universidade brasileira o dinheiro que ela precisava para investir em pesquisa, para melhorar sua qualidade, para devolver as bolsas de estudo a mestres e doutores que tinham parado de ser distribuídas”. “Não precisa ter diploma para entender que não existe na história da humanidade nenhum país que se desenvolveu sem que antes não tivesse investido na educação. É a educação que pode fazer a revolução social que um país precisa”, defendeu.