Moraes e seus agressores têm versões conflitantes

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Foto: Reprodução

Os depoimentos colhidos pela Polícia Federal (PF) nessa terça-feira (18/7) só aumentaram as divergências entre o relato do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a versão do casal Andréia Munarão e Roberto Mantovani Filho, suspeito de hostilizar o magistrado e agredir fisicamente o filho dele no Aeroporto Internacional de Roma, na Itália, na última sexta-feira (14/7).

Na delegacia da PF em Piracicaba, no interior de São Paulo, o casal negou ter ofendido o ministro e disse que houve um “entrevero” com o filho dele, que também se chama Alexandre, sem agressão física. As versões divergem não somente em relação à intensidade da briga, como também sobre quem começou a discussão e o local em que ela ocorreu dentro do terminal aéreo.

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Essas divergências só devem ser esclarecidas com as imagens registradas pelas câmeras do circuito interno do aeroporto, que já foram entregues à Interpol e devem chegar ao Brasil nesta quarta-feira (19/7). A seguir, o Metrópoles detalha os principais pontos conflitantes entre a versão do ministro Alexandre de Moraes e os depoimentos de Andréia e Roberto Mantavoni, segundo o advogado do casal.

Na representação feita à PF solicitando a investigação do caso, o ministro Alexandre de Moraes afirma que Andréia Munarão se aproximou dele na área de embarque e o chamou de “bandido, comunista e comprado”, o que teria dado início à confusão.

Segundo o magistrado, Roberto Mantovani chegou em seguida gritando ao lado da mulher e acabou agredindo seu filho. Momentos depois, de acordo com o relato, Andréia e o genro dela, Alex Zanatta, teriam cruzado novamente com a família do ministro na entrada da sala VIP do aeroporto e proferido mais ofensas.

Andréia, Mantovani e Zanatta, que já prestaram depoimento à PF, negam essa versão. Segundo o advogado Ralph Tórtima, seus clientes afirmam que Moraes foi hostilizado por outras pessoas e que Andréia apenas reclamou de um suposto “privilégio” dado ao ministro por acreditar que ele estava furando a fila da sala VIP.

Segundo a defesa do casal, foi nessa hora que o filho do ministro do STF começou a proferir “ofensas bastante pesadas” a Andréia, o que teria motivado o marido Roberto Mantovani a interferir para defendê-la, afastando o jovem da esposa.

Alexandre de Moraes relatou à PF que quando Roberto Mantovani entrou na discussão ao lado de Andréia ele empurrou seu filho e deu um tapa em seus óculos, que teriam caído no chão. Em seguida, outras pessoas intervieram e ajudaram a acabar com a confusão. Somente no segundo bate-boca, que teria ocorrido na entrada da sala VIP, que o ministro fotografou os suspeitos e disse que eles seriam processados no Brasil.

Na versão do casal, segundo o advogado, Mantovani entrou na discussão a fim de pedir que o filho do ministro parasse de ofender sua esposa. De acordo com ele, o empresário segurava uma salada de frutas com uma mão e “afastou com os braços” o advogado Alexandre Barci de Moraes, de 27 anos. Nas palavras do advogado, não houve empurrão nem os óculos caíram no chão.

Outra divergência está relacionada ao local em que teriam ocorrido as ofensas e a agressão física. Segundo o relato do ministro, o xingamento de Andréia e a agressão de Mantovani a seu filho ocorreram na área de embarque do aeroporto, no primeiro encontro entre as famílias. Posteriormente, eles teriam se encontrado na entrada da sala VIP, quando o casal teria hostilizado o magistrado novamente.

Na versão de Andréia e Roberto Mantovani, os dois momentos de discussão ocorreram na entrada da sala VIP, que fica em um andar diferente no aeroporto, segundo a defesa. Para o advogado Ralph Tórtima, essa divergência evidencia “o engano interpretativo” por parte do ministro, “o que torna claro que as pessoas que eventualmente o ofenderam ou cercearam seu deslocamento são outras”.

Caso a versão do ministro Alexandre de Moraes seja confirmada pelas imagens do circuito interno do aeroporto de Roma, os três possíveis agressores — o casal Andréia e Roberto Mantovani e o genro Alex Zanatta — podem ser indiciados por crimes contra a honra, agressão e atos antidemocráticos. A pena é de até 8 anos de prisão.

Metrópoles