Oposição usa galhofa para compensar inferioridade numérica

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Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

O depoimento do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, gerou repercussão entre apoiadores e críticos da prisão do tenente-coronel, que escolheu permanecer em silêncio durante a oitiva à CPMI do 8 de Janeiro.

“Esperamos que haja isenção na condução [da CPMI]”: O senador Rogério Marinho (PL-RN) defendeu o direito de Mauro Cid não responder às perguntas que poderiam incriminá-lo e criticou uma suposta falta de equilíbrio entre os convocados pela comissão.

Já Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação de Bolsonaro, afirmou que “não há o que temer” no telefone de Mauro Cid e defendeu sua soltura. Os senadores e deputados aprovaram, antes de receberem o tenente-coronel, requerimentos para a quebra de sigilo telemático e bancário de algumas figuras, incluindo Cid.

O tenente-coronel era a porta de entrada de quem queria falar com o presidente [Jair Bolsonaro]. Como o presidente bem disse, o telefone de Mauro Cid sempre esteve à disposição. [Ele] não apagou nada, nunca trocou de telefone, não há o que temer no telefone dele. O telefone dele era o muro das lamentações de todas as demandas para o presidente da República.
Fabio Wajngarten

Wajngarten teria visitado Mauro Cid na prisão, segundo declarou a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI. A parlamentar buscava entender o porquê das visitas a Cid por pessoas próximas a Bolsonaro, mas não pelo ex-presidente. Mauro Cid não respondeu.

“Na minha concepção, [o silêncio] é um atestado de culpa”, diz Soraya Thronicke (Podemos-MS). A senadora avaliou que Mauro Cid ficou calado porque “tem alguma [pergunta] a ver” com sua possível responsabilização em atos associados ao 8 de janeiro. “Eu entendo que uma sentença não pode colocar o silêncio dele como fundamento para uma condenação, porém, para nós da CPI, revela muito.”

A ministra Cármen Lúcia determinou que ele comparecesse à comissão, mas sem ser obrigado a produzir provas contra si mesmo e pode ser assistido pelo advogado durante todo o tempo do depoimento.

O tenente-coronel foi fardado à CPI e chegou escoltado pela Polícia do Exército, já que a custódia está a cargo dos militares. A vestimenta era opcional e o modelo que Cid vestia era o mesmo que usava quando trabalhava com o então presidente na ajudância de ordens.

Antes de silenciar, Cid falou por cerca de oito minutos sobre sua trajetória nas Forças Armadas, função no governo Bolsonaro e investigações da qual é alvo no STF. Cid classificou os atos de 8 de janeiro de “tristes” e disse que sua nomeação para a chefia da ajuda de ordens não teve “ingerência política”.

Às questões feitas pelos parlamentares, ele apenas respondeu: “Compreendo e respeito o posicionamento de vossas excelências, mas reitero minhas considerações iniciais e intimamente entendo que, em razão do escopo do que sou investigado, seguindo as orientações da minha defesa técnica, permanecerei em silêncio”

Uol