PP lista pontos inegociáveis com o governo

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Foto: Cristiano Mariz/O Globo

Na iminência da indicação do deputado André Fufuca (PP-MA) para um ministério no governo Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), traçou uma estratégia que afasta a sigla da oposição. O parlamentar criou um grupo de trabalho dentro do partido para elaborar um documento que se chamará “agenda central”. Este documento passará a balizar as votações das bancadas da sigla tanto na Câmara quanto no Senado. Depois de aprovado, ficará estabelecido que o partido só votará de forma unida em defesa dos pontos selecionados no documento. Em relação a todo o resto, as bancadas ficarão liberadas para votarem como quiser. “Isso é para acabar com essa história de divisão entre governo e oposição, além de nos dar um norte”, disse Nogueira. O senador sugere alguns pontos que devem estar no documento: defesa do empreendedorismo, manutenção da proibição do aborto e defesa da reforma trabalhista, além de veto a aumento de impostos. A senadora Tereza Cristina (MS), ex-ministra da Agricultura no governo Jair Bolsonaro, será a relatora do grupo e seu texto deve ser examinado pelas bancadas até o fim de agosto. Pode votar com o governo, desde que não confronte a agenda” — Ciro Nogueira Na prática, a estratégia sacramenta uma situação de fato: deputados do PP já vêm votando junto com o governo em muitas ocasiões. Levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) publicado em maio compilou o comportamento das bancadas em 22 votações importantes para o governo. Nelas, 56% dos parlamentares do PP votaram alinhados com a base governista. É um índice maior do que o do União Brasil (45%), que já compõe a Esplanada com o ministro do Turismo, Celso Sabino. O comportamento do PP é similar ao do Republicanos, que se afirma independente e também entregou ao governo 56% de seus votos neste conjunto de pautas. O Republicanos também deve receber um ministério, ainda não definido, para o deputado Silvio Costa Filho (PE). O PP tem se afastado do governo nas pautas que contrariam o liberalismo econômico. “O que não estiver na agenda está liberado. Pode votar com o governo, desde que não confronte a agenda”, disse Nogueira. Nogueira foi ministro da Casa Civil do ex-presidente Bolsonaro e reiterou que está alheio às articulações para que o PP entre na base governista. O PP apoiou formalmente a reeleição de Bolsonaro em 2022. “Se depender de mim, não entra”. Ele já ressalvou, contudo, que não criará obstáculos para que o partido ingresse na Esplanada dos Ministérios. O principal interlocutor do PP com o presidente Lula é o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (AL). Nas redes sociais, Nogueira chamou os pontos da agenda central de “cláusulas pétreas do PP”. “A Agenda Central é a linha divisória daquilo que defendemos e do que jamais apoiaremos”, afirmou. Esta estratégia demarca distância em relação ao comportamento da principal sigla de oposição, o PL, que começa a punir parlamentares por manifestações políticas dissociadas de comportamento no plenário. O deputado Yury do Paredão (PL-CE), por exemplo, já foi comunicado que deverá ser expulso do partido depois de posar com aliados fazendo um “L” com as mãos, sinal de apoio a Lula.

Valor Econômico