Preferência por bajuladores complica Bolsonaro

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Enquanto esteve no Planalto, Jair Bolsonaro traiu e afastou aliados que ousaram dizer verdades a um presidente que atentava contra a liturgia do cargo, contra os poderes da República e contra a própria agenda da finada “nova política”, marca indelével do estelionato eleitoral praticado nas eleições de 2018. Essa escolha pelo conforto da vida entre puxa-sacos — Bolsonaro não gostava de ouvir que estava errado — que condenou Gustavo Bebianno e transformou Daniel Silveira em símbolo do Planalto em dado momento da história, cobra, agora, um preço do ex-presidente. O depoimento desta quarta-feira na Polícia Federal, em Brasília, é só mais uma capítulo da história de um presidente que governou, segundo seus próprios aliados, “cercado de malucos”. Bolsonaro vai dizer aos investigadores que não teve participação na tocaia armada por Silveira e o senador Marcos do Val contra o ministro Alexandre de Moraes no STF. Recebeu a dupla no Palácio da Alvorada, mas “ficou o tempo todo em silêncio” ao perceber a gravidade do plano aloprado. Pode ser verdade? Pode. O problema é que a versão do ex-presidente é comprometida pelo conjunto de sua obra. Silveira, Do Val e Bolsonaro compartilhavam publicamente sua ira contra o ministro do STF. De impeachment do ministro no Senado a xingamentos públicos, passando por ameaças físicas a Moraes, o trio fez de tudo durante a gestão bolsonarista. A trama do Alvorada fica bem mais crível quando se analisa tal conjunto de fatos e é exatamente isso que complica a vida de Bolsonaro na PF.

Veja