PT define estratégia para firmar candidaturas a prefeito

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Foto: Ricardo Stuckert

A mais de um ano das eleições municipais, o PT decidiu antecipar o processo eleitoral e indicar todos os pré-candidatos para disputa das prefeituras até dezembro. A cúpula do partido acredita que a definição antecipada fortalece os nomes colocados, quebra resistências locais e ajuda a evitar ruídos com a base governista ainda em consolidação no Congresso. Mesmo contando com a força eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o entendimento é de que o PT deve priorizar alianças com legendas que integram o governo e encabeçar a chapa eleitoral apenas onde for realmente competitivo. O Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE), coordenado pelo senador Humberto Costa, já iniciou processo de mapeamento de cidades prioritárias para o partido. Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE), já iniciou processo de mapeamento de cidades prioritárias “Acreditamos que isso [antecipação dos nomes] vai fortalecer o processo. Importante dizer quem vai ser o candidato, em qual cidade e qual espaço pretendido. Vamos fazer as negociações até o fim do ano”, diz a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. A estratégia adotada é diferente de 2020. Naquele ano, sob argumento de que “a mensagem de Lula” deveria estar presente na maior quantidade possível de municípios, a legenda lançou candidaturas próprias mesmo onde não havia chances reais de vencer a disputa. O resultado político e eleitoral foi o pior da história: o partido saiu das urnas sem o comando de nenhuma capital e ainda acentuou conflitos com antigos aliados. Dentro da nova lógica, em São Paulo e no Rio de Janeiro, as duas maiores capitais do Brasil, a legenda não deve ter candidato próprio. Inicialmente, terão prioridade para definição das chapas PSB, PCdoB e PV – integrantes de federação com PT -, Psol e Rede. As duas últimas legendas também formam uma federação. A ideia é, em um segundo momento, definir opções de alianças com partidos de centro e centro-esquerda, a exemplo do PSD, PDT, MDB e Solidariedade. Nas eleições de 2020, PDT e PSB uniram-se estrategicamente em várias capitais brasileiras dificultando a viabilidade de candidaturas do PT. “Nós vamos conversar com o PSB, com o PDT, queremos que esses partidos estejam juntos conosco. Ou apoiando as nossas candidaturas ou, onde eles tiverem mais viabilidade, apoiando a candidatura deles”, pontuou Gleisi. Na capital paulista, o PT promete cumprir acordo firmado no ano passado com o deputado Guilherme Boulos (Psol) e apoiá-lo. Há fortes resistências internas, mas a presidente do partido afirma que acordos existem para serem cumpridos. Em 2022, numa negociação para apoiar o PT, Boulos retirou a candidatura ao governo de São Paulo e se aliou a Fernando Haddad, que acabou sendo derrotado por Tarcísio de Freitas (Republicanos). Pelos entendimentos em curso, a maior possibilidade é de o partido apoiar no Rio de Janeiro a reeleição do prefeito Eduardo Paes (PSD). Para isso, o PT negocia a vice. O posto é ainda mais valorizado porque Paes, se reeleito, deve deixar o cargo no meio do mandato para se candidatar ao governo fluminense em 2026. As indefinições são ainda mais evidentes em Belo Horizonte. Uma ala da legenda defende que o partido caminhe junto com o PSD para a reeleição do prefeito Fuad Noman (PSD). Outra possibilidade discutida é o apoio à candidatura da deputada Duda Salabert (PDT). Vitória deve ser a única capital do Sudeste com candidatura própria do partido. O mais provável é o PT lançar o nome do deputado João Coser. Ex-prefeito, ele foi derrotado em 2020 na disputa com o atual chefe do Executivo municipal, Lorenzo Pazolini (Republicanos). Mesmo nas capitais do Nordeste, onde a popularidade de Lula é elevada, o PT enfrenta obstáculos. No Recife, por exemplo, a legenda deu início a tratativas para emplacar a vice do prefeito João Campos (PSB), que vai concorrer à reeleição. Campos, se vencer a disputa, deve sair no meio do mandato para disputar o governo de Pernambuco. O senador Humberto Costa, que tem bastante proximidade com o PSB no Estado, defende que o partido deve ter posição de relevo numa possível aliança com o PSB. Em 2020, a contragosto do grupo político de Costa, o PT lançou a deputada Marília Arraes. Ela chegou ao segundo turno, mas acabou derrotada por Campos. Em Salvador, o PT também pode ficar sem um nome próprio. Mesmo no comando do Estado desde 2007, o partido nunca conseguiu vencer as eleições municipais. Existe a possibilidade de composição com MDB, sigla que abriga o vice-governador baiano Geraldo Júnior. Em Fortaleza, há uma tentativa de reaproximação após rompimento no ano passado da aliança histórica entre PDT e PT no Ceará. O prefeito José Sarto (PDT) pretende disputar a reeleição. O ministro da Educação, Camilo Santana (PT), e o senador Cid Gomes (PDT) tentam costurar uma saída. É provável que o PT lance o deputado Edegar Pretto para disputa em Porto Alegre. O Grupo de Trabalho Eleitoral da legenda começou a se reunir no início do mês. A ideia é que, até as eleições, os integrantes se encontrem uma vez por semana.

Valor Econômico