Republicanos disfarça apoio ao governo

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Foto: Gil Ferreira/Ascom-SRI

Assim que o presidente Lula fechar o acordo com o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) e entregar a ele um de seus ministérios, o partido que hoje abriga o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, vai ficar numa condição de ‘oposiverno’.

Ou seja, a sigla não assume formalmente fazer parte da base de Lula, no entanto, terá cargo, verbas e deixará o caminho aberto para outros integrantes da legenda se sentirem confortáveis para migrar para o grupo governista.

O Republicanos tem 41 deputados e tem ajudado o Planalto em votações importantes na Câmara, como na MP da reestruturação dos ministérios e na PEC da reforma tributária. O apoio às pautas chegou a ser maior que a de siglas que já estão com vaga na Esplanada de Lula, como o União Brasil.

Não se sustenta o discurso do presidente do partido, deputado Marcos Pereira (SP), de que o deputado Silvinho, como é chamado por Lula, está indo para o governo por conta própria, mas sem endosso da instituição partidária. Calar é concordar, é ratificar a decisão. Caso contrário, poderia até ser questionada infidelidade partidária. Mas, não! O que fica claro é que o deputado é fiel à postura do Republicanos, muito comum ao Centrão, de aderir ao que lhe for conveniente e adequar o discurso para cada roda política.

A ‘nova bancada’ que nega ser governo mas vai aproveitar os espaços que conseguir conquistar na gestão de Lula será reforçada com o PP do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), que tem 49 votos.

Segundo apurou a Coluna, após entregar o prometido na votação da pauta econômica, Lira avisou a Lula que está disposto a estabelecer “um pacto de governabilidade a longo prazo”. Depois disso, viajou de férias e está de volta nesta quarta-feira, 19, para avançar nas negociações.

PP e Republicanos têm em comum o pragmatismo do Centrão. Por interesses regionais se aproximam do governo Lula, conseguem cargos e verbas. Por outro lado, por terem os votos conservadores que os elegeram, não podem dizer que entrarão de cabeça na gestão petista.

Além disso, ao seguir a cartilha do fisiologismo sabem que é cedo para aderir, por vários motivos: primeiro porque ficaria difícil ter poder de negociação e barganha, segundo porque não dá para saber o que será do cenário político daqui a três anos. Não é possível projetar como estará a popularidade da atual gestão e nem como será o quadro de adversários com potencial eleitoral.

Estadão