Tarcísio fez 95% do seu partido apoiarem Lula
Foto: Diogo Zacarias/Agência O Globo
Ao posar ao lado do ministro da Economia, Fernando Haddad (PT), e declarar apoio à Reforma Tributária em tramitação no Congresso, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que concordava “com 95%” do texto. Aprovada nesta quinta-feira na Câmara, a proposta teve adesão próxima a este índice do partido do ex-ministro de Jair Bolsonaro: 36 dos 39 deputados do Republicanos, ou 92,3% da bancada presente ao plenário, votaram alinhados com os interesses do governo federal na pauta.
A postura pragmática em relação ao tema colocou Tarcísio em rota de colisão com o antigo chefe. Em reunião com o ex-presidente e parlamentares do PL na manhã desta quinta-feira, em Brasília, horas antes da votação, o governador paulista ouviu repetidas críticas sobre seu apoio à Reforma Tributária.
Mais cedo, em um encontro fechado, Tarcísio havia argumentado com Bolsonaro que seria contraditório o ex-mandatário se posicionar contra, já que as mudanças haviam começado a tramitar ainda na gestão dele, em 2019. O argumento era que a direita precisar colocar a digital na aprovação de uma reforma que está sendo buscada há décadas:
— A direita não pode perder a narrativa de ser favorável a uma reforma tributária. Por que senão a reforma acaba sendo aprovada e quem aprovou? A grande questão é construir um bom texto — disse.
Na reunião, Bolsonaro chegou a interromper a fala de Tarcísio e disse que “se o PL estiver unido, não aprova nada”. No entanto, um a cada cinco parlamentares da sigla também ajudou o texto a avançar na Câmara.
Dos 95 deputados federais do PL que votaram na sessão desta quinta-feira, 20 contrariaram a orientação do partido e o pedido público de Bolsonaro e votaram a favor da proposta, aprovada com 382 votos a favor. Foram apenas 118 votos contra, além de três abstenções.
Cinco partidos tiveram o apoio integral de suas bancadas à reforma: Cidadania, PCdoB, PSB, PT e Solidariedade. Túlio Gadêlha, único parlamentar da Rede na Câmara, também votou a favor do texto.
O objetivo da Reforma Tributária é simplificar o complexo sistema de impostos no Brasil. Mas, como o país tem uma dívida pública elevada, precisa manter gastos sociais – como em Saúde, Educação e transferência de renda – e retomar investimentos em obras de infraestrutura, não há espaço, na avaliação do governo e dos parlamentares, para reduzir a carga tributária brasileira.
A tributação será simplificada. Não haverá mais distinção entre produtos e serviços: o CBS e o IBS terão uma mesma alíquota em todo o país e vão incidir no consumo.
Além disso, serão gerados créditos tributários ao longo da cadeia produtiva para não haver incidência em cascata, ou seja, imposto cobrado sobre imposto.
Uma vez aprovada, a reforma terá uma fase de transição. O novo modelo deve estar plenamente implementado, para todos os tributos, só em 2033.