Tebet evita comentar sobre Pochmann no IBGE

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Foto: Ed Alves/CB/DA.Press

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, evitou comentar sobre a escolha do economista Marcio Pochmann para a presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Não o conheço, portanto não posso falar sobre ele. Vamos discutir IBGE no momento certo e com a pessoa certa, o presidente Lula”, disse a ministra em entrevista à jornalista Miriam Leitão, na GloboNews, na noite desta quarta-feira. A entrevista foi gravada antes de o secretário de Comunicação Social do governo, Paulo Pimenta, anunciar, no início da noite desta quarta-feira, que Pochmann será o novo presidente do instituto. Tebet disse ainda que seria um desrespeito com o atual presidente do IBGE, Cimar Azeredo, se o governo colocasse um novo executivo no lugar dele. Sobre a relação dela com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Tebet disse que há divergências, mas que a convivência é uma grata surpresa e “o diálogo não poderia ser melhor”. Dizendo-se liberal e fiscalista, a ministra disse que Haddad tem tanta preocupação com responsabilidade fiscal quanto ela e o compromisso de zerar o déficit fiscal.

Filiada ao MDB, Tebet comentou também, na entrevista, sobre as eleições municipais de 2024. Para a ministra, o centro democrático não pode “dormir no ponto”. “Vou tornar público pela primeira vez o que eu já disse e já externei para o presidente do meu partido, Baleia Rossi. Nós não podemos dormir no ponto. Em nome do Brasil, da democracia e do povo brasileiro, nós não podemos dormir no ponto”, disse a ministra. Ela ressaltou que o governo Lula é formado por uma frente ampla que pode se unir novamente em 2024. “Os partidos do centro democrático, dessa frente ampla que apoia o governo do presidente Lula, deve ter a capacidade e a generosidade com o Brasil e o altruísmo de sentarmos à mesa já no primeiro turno em cidades consideradas de porte médio e que não têm segundo turno para dizer o seguinte: qual é o partido que já está no poder? A prefeitura tem condições de ganhar?”, explicou Tebet. Segundo a ministra, nesses municípios sem segundo turno a extrema direita pode levar o pleito com 25% ou 30% dos votos. “Quando nós somamos a quantidade de municípios médios no Brasil, eleitoralmente isso é significativo. Nós sabemos que o embate de 2026 começa em 2024. De minha parte, da porta do ministério para fora, onde eu respiro política 24 horas, estarei nos finais de semana, já a partir bem do início do ano que vem, defendendo as ideias do meu partido e dessa frente ampla, que acho fundamental que sejam construídas a partir de agora”, completou.

Sobre a taxa básica de juros, a Selic, Tebet espera que o Banco Central “tire a venda dos olhos”. “Eles estão com uma visão obtusa do Brasil real. Todos os indicadores macroeconômicos melhoram: PIB, desemprego, inflação.” O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) reúne-se em 1 e 2 de agosto para decidir sobre a taxa de juros, atualmente em 13,75% ao ano.

A ministra refutou críticas de que o agronegócio é o vilão ambiental. “O agro não é bolsonarista”, comentou Tebet, defendendo que o setor é sustentável. O maior problema, disse, são os conflitos fundiários, para o qual ela defende mudanças na Constituição para regulamentar a questão da titularidade, da posse, acrescentando que, sobre a questão das áreas dos povos originários e quilombolas, que se cumpra o que diz a Constituição.

Perguntada sobre sua avaliação dos primeiros meses do governo Lula, Tebet disse que, em termos de gestão, dá nota 8,5, e 10, “em letras garrafais”, para o que foi feito para “recompor o retrocesso que foi feito nos últimos 4 anos em termos de misoginia, igualdade racial questão ambiental”. Na política, Tebet afirmou que aguarda o posicionamento no segundo semestre sobre “como vamos enfrentar em 2026 o reacionarismo”. Ainda na seara política, Tebet disse que a recondução de Augusto Aras na Procuradoria-Geral da República – defendida inclusive por petistas – seria “um desastre”, por ele fazer uma gestão do Ministério Pública Federal “de subserviência e aceno ao presidente de plantão”.

Valor Econômico