Advogados de esquerda calam sobre Zanin

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Foto: Ricardo Stuckert

Advogados e juristas do Prerrogativas, grupo de influentes nomes do Direito que apoiou abertamente a campanha de Lula em 2022, fizeram um “pacto de silêncio” sobre a postura definida como “conservadora” do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF) em suas primeiras votações na Corte. Relatos feitos ao GLOBO por advogados próximos ao presidente da República mostram que os votos de Zanin caíram como uma bomba na turma — que se define como de esquerda politicamente.

O grupo, que costuma se posicionar sobre as questões mais prementes da política nacional, preferiu “não bater em Zanin para não piorar o clima”, segundo contou um advogado. Diante da repercussão negativa entre membros da base do governo e apoiadores que criticaram abertamente o primeiro nome escolhido por Lula para o Supremo neste mandato, integrantes do Prerrogativas preferiram atuar nos bastidores para diminuir a temperatura das reações.

Somente nesta semana, o novo ministro do STF votou contra a descriminalização da maconha e a equiparação das ofensas contra LGBTQIA+ à injúria racial. Um jurista próximo a Lula afirmou ao GLOBO que o clima no grupo é de “constrangimento” e que não há como “defender essas posturas”.

Apesar do incômodo, as decisões do magistrado não chegaram a surpreender os juristas. Segundo um integrante do Prerrogativas, o perfil “de direita” de Zanin era conhecido desde os tempos em que ele cursava Direito na PUC-SP, universidade onde o magistrado se formou.

Apesar de alertas feitos a Lula sobre a falta de conhecimento de posicionamentos que Zanin adotaria uma vez no STF em relação a questões caras à esquerda, membros do grupo sempre defenderam a livre escolha do presidente para a cadeira do Supremo. O jurista ganhou a confiança do petista ao atuar em seus processos na Lava-Jato e pelo seu perfil garantista.

Há três semanas como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Zanin também gerou incômodo no campo da esquerda ao ser favorável à condenação de dois homens que furtaram objetos com valor inferior a R$ 100. Além disso, votou para derrubar a regra que impedia juízes de julgar casos em que as partes sejam clientes de escritórios nos quais atuem advogados que sejam seus parentes.

O Globo