Bolsonarista do BC diz que vai reduzir Selic em mais 0,5%

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Foto: Raphael Ribeiro/BCB

Em ata divulgada nesta terça-feira, 8, o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, reforçou um tom de cautela no início do processo da redução da taxa básica de juros, apesar de sinalizar para mais cortes de 0,5 ponto percentual até o fim do ano. “Não há evidência de que esteja em curso um aperto além do que seria necessário para a convergência da inflação para a meta e que o cenário ainda inspira cautela, reforçando a visão de serenidade e moderação que o Comitê tem expressado”, diz o documento.

O principal alerta de cuidado está no ambiente externo e as pressões para a inflação vindas de fora. Com o ambiente externo, que ‘mostra-se incerto’, apesar da desinflação observada, com núcleos de inflação ainda elevados, desaceleração gradual da atividade e resiliência nos mercados de trabalho de diversos países. “Em paralelo, os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, seja dando continuidade a seus ciclos de aperto monetário, seja sinalizando um período prolongado de juros elevados para combater as pressões inflacionárias. Tal postura segue demandando maior cautela na condução das políticas econômicas particularmente por parte de países emergentes”, afirma em ata. No encontro da última quarta-feira, 2, o Banco Central decidiu dar início ao processo de redução da taxa básica de juros, cortando a Selic em 0,5 ponto percentual. Com isso, a taxa de referência está fixada em 13,25% ao ano. Esse foi o primeiro corte em três anos e a magnitude surpreendeu parte do mercado, que esperava uma decisão mais cautelosa do BC, dado o histórico recente — que manteve a Selic em 13,75% por sete encontros consecutivos. “O Comitê unanimemente avaliou que a evolução do cenário desde a última reunião permitiu acumular a confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária. Tal avaliação perpassou diferentes dimensões”, prossegue o Copom. “Em primeiro lugar, ressaltou-se o comportamento positivo das expectativas de inflação após a definição da meta pelo CMN e o anúncio da mudança para o sistema de meta contínua. A redução das expectativas de inflação, assim como das medidas de inflação implícita nos ativos de mercado, reduz o custo da desinflação e tem impacto sobre o juro real ex ante da economia, como já anteriormente alertado pelo Copom. Em segundo lugar, houve clara melhora nos índices de inflação cheia, enquanto a inflação de serviços segue desacelerando na margem. Alguns membros deram mais ênfase à dinâmica recente, enquanto outros enfatizaram que os fundamentos subjacentes para a dinâmica da inflação de serviços ainda não permitem extrapolar com convicção o comportamento benigno recente. Por fim, notou-se que a reancoragem parcial das expectativas contribuiu para uma redução das projeções no cenário de referência”, diz em ata. Manter a inflação sob controle, ao redor da meta, é objetivo fundamental da política monetária do Banco Central — e esse era o maior argumento pelos juros em 13,75%. A estabilidade dos preços preserva o valor da moeda e mantém o poder de compra. E é justamente a curva descendente da inflação que pesou para a decisão do corte. O IPCA-15, prévia da inflação e dado mais recente divulgado pelo IBGE, marca 3,19% em julho no acumulado de 12 meses. No mesmo período do ano passado, a inflação marcava 11,39%. ” ‘No âmbito doméstico, o conjunto de indicadores recentes sugere um cenário de desaceleração gradual da atividade. À parte o forte desempenho da agricultura, concentrado no primeiro trimestre, o ritmo de crescimento da atividade segue corroborando o cenário antecipado pelo Comitê. De modo geral, observa-se alguma retração no setor de comércio, estabilidade na indústria e certa acomodação no setor de serviços, após ritmo mais forte nos trimestres anteriores. O mercado de trabalho segue resiliente, mas com alguma moderação na margem”, prossegue em ata. De acordo com o Boletim Focus divulgado na segunda-feira, 7, o mercado agora espera que a taxa básica de juros termine o ano em 11,75%, ou seja, estimando mais três cortes, nas reuniões de setembro, novembro e dezembro. “Com relação aos próximos passos, os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário. Tal ritmo conjuga, de um lado, o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e, de outro, o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência. Avaliou-se ainda que não há evidência de que esteja em curso um aperto além do que seria necessário para a convergência da inflação para a meta e que o cenário ainda inspira cautela, reforçando a visão de serenidade e moderação que o Comitê tem expressado”, completa. É pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes. “Tal confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, tais como uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços”, finaliza.

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