Centrão ficará indócil se esperar uma semana por cargos

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Foto: Brenno Carvalho

A possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiar para a semana do dia 14 a definição das pastas que serão ocupadas pelo Centrão em seu governo tem causado apreensão em integrantes da equipe de articulação política do Palácio do Planalto. O receio é que a relação com a Câmara seja tensionada por causa da demora.

Lula viaja para o Amazonas na manhã de quinta-feira e deve retornar a Brasília apenas no dia 11. Parte dos auxiliares acredita que o presidente só baterá o martelo sobre o novo desenho da Esplanada na volta.

Nesta terça-feira, o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), admitiu que a falta de um acordo sobre a reforma ministerial afeta a votação do arcabouço fiscal. A entrada do Centrão no governo com a indicação de nomes do PP e do Republicanos no ministério começou a ser discutida no dia 5 de julho, em meio à supersemana de votações de fim de semestre.

Na ocasião, os líderes do PP, Republicanos, Cidadania, União, Cidadania e PL estiveram no Planalto para se reunir com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e com o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). Foram apresentados os nomes dos deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) para os ministérios do Desenvolvimento Social e Esporte, respectivamente. Também houve discussão sobre o desejo do grupo do assumir o comando da Caixa e da Funasa.

De acordo com integrantes do governo, os líderes dos partidos queriam que as trocas dos postos fossem definidas antes das votações previstas para aquela semana. Ao saber da concordância de PP e Republicanos de ingressar no governo, Lula, ainda segundo os auxiliares, teria ligado para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e dito que estava feliz com a decisão do bloco. Na conversa, afirmou, porém, que os deputados deveriam votar primeiro os projetos que estavam em pauta para que depois do recesso de julho as mudanças fossem concretizadas.

Depois disso, naquela semana, a Câmara, com adesão em peso do Centrão, aprovou a reforma tributária e as mudanças nas regras de funcionamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão colegiado que julga processos tributários. Já o Senado votou o novo arcabouço fiscal.

Ou seja, o bloco de deputados deu um voto de confiança a Lula e agora espera que o presidente cumpra a parte dele. O petista concorda com a entrada do Centrão do governo, mas ainda não definiu quais ministérios serão cedidos ao grupo.

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Apesar de mostrarem apreensão e torcerem por uma definição rápida, os integrantes da equipe de articulação política do governo admitem de forma resignada que o martelo será batido no tempo de Lula. Como já aconteceu na troca de Daniela Carneiro por Celso Sabino no Ministério do Turismo, o presidente faz questão de ditar o ritmo das alterações que faz em sua equipe.

Lula viajará a Parintins (AM) na manhã de sexta-feira para anunciar a retomada do programa Luz para Todos e o lançamento do Programa de Descarbonização da Amazônia. Em seguida, ele deve passar o fim de semana descansando em Alter do Chão (PA).

Na segunda-feira, o presidente vai a Santarém (PA) inaugurar linhas de transmissão por fibra óptica . Na terça-feira e na quarta, ele participa da Cúpula dos Países Amazônicos, em Belém. Na quinta-feira, dia 10, vai ao Rio para participar do anúncio da expansão do BRT na cidade. Na sexta-feira, dia 11, o governo lançará o novo PAC também na capital fluminense.

O Globo