Com Bolsonaro na berlinda, PL se finge de morto

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Foto: Reprodução

O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, não irá se manifestar oficialmente sobre a operação que a Polícia Federal deflagra nesta sexta-feira, que investiga um suposto esquema de venda de presentes dados ao Estado brasileiro durante missões oficiais no exterior. O presidente nacional da legenda, Valdemar da Costa Neto, não pretende falar sobre o tema e, de acordo com caciques do partido, teria feito chegar aos parlamentares bolonaristas a ordem para que não houvesse qualquer pronunciamento em apoio aos alvos da operação. Quem quiser falar sobre o tema deve dissociar o ex-presidente do esquema. O próprio Bolsonaro ficará em silêncio e esta é a postura recomendada aos correligionários.

A postura do partido mostra uma “subida de tom” em relação ao adotado quando a deputada Carla Zambelli (SP) foi alvo de uma operação da PF no início do mês. Na ocasião, embora Bolsonaro não tenha se manifestado, Valdemar fez uma publicação em apoio e os parlamentares que quiseram se solidarizar foram liberados.

São cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços do general do Exército Mauro César Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens do Mauro Cid; do tenente do Exército Osmar Crivelatti, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; além do advogado Frederick Wassef, que já defendeu o ex-presidente e seus familiares.

Os mandados foram determinados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e estão sendo cumpridos em Niterói, no Rio de Janeiro; em São Paulo e em Brasília.

De acordo com a PF, os alvos são suspeitos dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro. “Os investigados são suspeitos de utilizar a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior”, informou a corporação.

Conheça os alvos da operação da PF:
Mauro Cesar Lourena Cid: foi colega do ex-presidente Jair Bolsonaro nas turmas de cadetes da Academia Militar de Agulhas Negras (Aman), em Resende, no sudoeste do Rio, nos anos 1970. Tido por outros militares como discreto e de personalidade conciliadora, o general dirigiu o Departamento de Educação do Exército e passou à reserva em 2019 para assumir um cargo em Miami, nos Estados Unidos, no início do governo Bolsonaro. Ele foi escalado pelo velho colega de Aman para chefiar o escritório brasileiro da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). Ele ficou no posto até o início deste ano.
Osmar Crivelatti: fazia parte da ajudância de ordens da Presidência. Quando Jair Bolsonaro deixou o cargo, foi escolhido por ele como um dos auxiliares pessoais a que tem direito como ex-presidente. Em 6 de junho de 2022, assinou a retirada de um Rolex do “acervo privado” para o gabinete dele. O relógio, avaliado em R$ 300 mil, foi doado pelo rei da Arábia Saudita, Salman bin Abdul-aziz em uma viagem oficial e teria sido negociado por Mauro Cid.
Frederick Wassef: o advogado era dono do imóvel em Atibaia onde o policial aposentado Fabrício Queiroz foi preso, em junho de 2020. Ele assumiu em entrevista à revista “Veja”, na época, ter escondido o ex-assessor parlamentar de Flávio Bolsonaro com o objetivo proteger o então presidente Jair Bolsonaro e o filho, o senador Flávio, já que Queiroz poderia ser assassinado “por forças ocultas” e, com isso, a família do presidente seria investigada.
O inquérito apontou que os valores obtidos das vendas desses objetos teriam sido convertidos em dinheiro vivo e “ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores”.

O Globo