CPI adia sessão por falta de acordo para quebrar sigilo de Bolsonaro e Michelle

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Foto: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Agência O Globo

Sem acordo para votar a quebra de sigilo bancário do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Antidemocráticos de 8 de janeiro adiou a reunião sobre o tema. O encontro entre os parlamentares, que aconteceria às 9h desta terça-feira foi remarcada para às 14h. Deputados e senadores da base governista e da oposição vão se reunir à porta fechada antes do novo horário para tentar chegar a um entendimento acerca da pauta.

— A oposição não quer aceitar o compartilhamento do Relatório de Inteligência Financeira (RIF) de Bolsonaro — explicou a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI.

Ao GLOBO, a parlamentar afirmou que quer primeiro ter acesso ao relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que analisa a existência ou não movimentações financeiras atípicas nas contas do ex-presidente e da ex-primeira-dama. Em seguida, ela irá então decidir sobre o pedido de quebra de sigilo bancário, em que são elencadas todas as movimentações das contas do casal.

— A CPMI está indo por um caminho desviado do seu propósito — afirmou o senador Marcos Rogério (PL-RO).

O encontro da comissão nesta manhã foi o primeiro após o depoimento do hacker Walter Delgatti Netto, na semana passada. Na ocasião, ele atribuiu a deputada federal Carla Zambelli sua contratação para inserir dados falsos no sistema do Conselho Nacional de Justiça, incluindo um mandado de prisão em nome do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Também durante a oitiva, Delgatti Netto afirmou ter sido levado por Zambelli a um encontro com Bolsonaro. Segundo o hacker, o ex-presidente lhe teria pedido que assumisse a autoria de um grampo contra Moraes e ainda que se reunisse com integrantes do Ministério da Defesa para discutir aspectos técnicos das urnas eletrônicas, como o chamado código-fonte.

Aos parlamentares, Delgatti Netto afirmou que Bolsonaro também teria lhe prometido um indulto presidencial, como o que fora oferecido ao então deputado federal Daniel Silveira, em caso de o hacker vir a enfrentar problemas jurídicos.

As declarações do hacker deram força para parlamentares da base do governo requisitarem as quebras de sigilo de Jair e de Michelle Bolsonaro. A aprovação, no entanto, depende ainda de costuras feitas com o presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA).

O Globo