Ex-ministro da Defesa, general cala sobre denúncias

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Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Você ouviria calado mentiras que manchassem sua honra? Ou as repeliria na hora, indignado, e processaria quem as fez?

Comandante do Exército do governo Bolsonaro, depois ministro da Defesa, o general Paulo César Nogueira está calado.

Finge desconhecer que a mando de Bolsonaro, em agosto do ano passado, o hacker Walter Delgatti foi ao Ministério da Defesa.

Delgatti disse à CPI do Golpe que esteve no ministério pelo menos cinco vezes para reuniões com técnicos militares.

À Polícia Federal descreveu a sala onde ocorreram as reuniões e contou que sempre entrava no ministério pela porta dos fundos.

Em pauta, a segurança ou vulnerabilidade das urnas eletrônicas. A Bolsonaro Delgatti disse que as urnas não eram vulneráveis.

Mas Bolsonaro chegou a propor-lhe que montasse uma urna onde, digitado o número 22, do PL, apareceria o 13, do PT.

A falsa urna seria exibida durante os festejos do dia 7 de setembro, em Brasília, e mais tarde no Rio de Janeiro.

Delgatti não topou. E agora que está preso e condenado a 20 anos e 1 mês de cadeia, resolveu contar o que sabe ou diz saber.

Por que o general Paulo Cesar Nogueira não fala? Por que não o desmente, e com toda razão, o achincalha?

Se não quer ele mesmo fazer isso para não se rebaixar a Delgatti, por que não se vale de uma nota ou de um advogado?

O ministro José Múcio Monteiro Filho, que sucedeu a Nogueira no cargo, quer saber quais militares estão sendo investigados.

A Polícia Federal se recusa a dizer porque a investigação corre em segredo de justiça. O ministro Alexandre de Moraes, não diz.

Monteiro Filho alega que assim fica difícil colaborar com as investigações. Tem razão, mas é melhor para ele.

Os militares são uma corporação. Entre eles, predomina o espírito de corpo. Todos se protegem. Ninguém entrega ninguém.

O Exército impediu várias vezes a entrada da Polícia no acampamento dos golpistas porque entre eles havia militares.

A mulher do general Villas Boas, ex-comandante do Exército a quem Bolsonaro deve tantos favores, esteve no acampamento.

E como ela, muitas outras mulheres, filhos de militares da ativa e da reserva, sobrinhos e amigos. A família militar em peso.

O general Mauro Cesar Lourena Cid chora pelos cantos, arrependido de ter-se metido com a venda das joias roubadas.

Seu filho, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, chora pelo pai desde que foi preso em maio.

Autorizado pelo Exército, Mauro Cid apresentou-se fardado para depor à CPI do Golpe. Hoje irá depor a outra CPI. Fardado? A ver.

Metrópoles