Lula cita decepção com MPF após Lava Jato

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Foto: Paulo Lopes

O presidente Lula (PT) disse que vai escolher o novo PGR (Procurador-Geral da República) com “mais pente fino” por ter perdido a confiança no Ministério Público após a Operação Lava Jato e que quer “alguém que não faça denúncia falsa”.

Na live semanal “Café com o Presidente”, Lula chamou a força-tarefa de “um bando de aloprados” que fez “a sociedade brasileira de refém”. Ele disse ainda ser cedo para falar no novo PGR, mas indicou que haverá “mais critério.

Eu sempre tive o mais profundo respeito pelo Ministério Público, é uma das instituições que eu mais idolatrava no país. Depois dessa quadrilha que o [ex-procurador Deltan] Dallagnol montou, eu perdi muita confiança. Eu perdi porque é um bando de aloprados que acharam que poderiam tomar o poder atacando todo mundo ao mesmo tempo – atacaram o governo, o poder Executivo, o Legislativo, a Suprema Corte. Eles fizeram a sociedade brasileira de refém durante muito tempo. Então, obviamente, vou escolher com mais critério, mais pente fino, para não cometer nenhum erro.”

A indicação deverá ser feita em setembro. Segundo aliados do presidente, o mais cotado para ocupar o cargo hoje é o vice-procurador-geral eleitoral Paulo Gonet Branco, mas a recondução de Augusto Aras, nomeado por Jair Bolsonaro (PL), não foi descartada.

Lula ainda não bateu o martelo, mas já indicou que não precisa seguir, necessariamente, a lista tríplice da ANPR (Associação Nacional de Procuradores da República). Aliados apontam os efeitos da Lava Jato e a prisão do presidente, revogada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), como motivos para Lula passar a questionar os nomes —e a insatisfação de Aras com a Lava Jato é vista como um ponto a favor da recondução.

Lula negou, no entanto, que a escolha deverá ser de interesse pessoal, mas “de interesse do Brasil” e que “não faça denúncia falsa”, em referência à Lava Jato. O presidente afirmou que a indicação ocorrerá “no tempo certo” e disse que irá “ouvir muita gente” antes de sua escolha.

Vou escolher com mais critério, com mais pente fino para não cometer um erro. Não quero escolher alguém que seja amigo do Lula, eu quero escolher alguém que seja amigo desde país, alguém que goste desse país, alguém que não faça denúncia falsa.”

Aras foi escolhido por Bolsonaro por “afinidade”, na primeira vez em que um presidente não seguiu a lista da ANPR desde 2001. Lula foi o primeiro a acatá-la, em 2003.

A indicação tem gerado debate dentro do governo e do PT. Há setores do partido e próximos ao presidente que defendem a recondução de Aras, indicado ao cargo em 2019 e foi acusado pelo PT de “conivência” com o ex-presidente durante a pandemia.

Vou discutir se é homem, mulher, se é negro, branco, e quando eu tiver um nome, eu indico. Vou escolher a pessoa que eu acho que é a melhor para os interesses do Brasil. Se der errado, paciência.”

O presidente também disse que irá chamar os partidos para a construção de um “acordo político de governabilidade” na volta do recesso parlamentar nesta semana. No final do último semestre, o governo fechou a entrada de PP e Republicanos no corpo ministerial.

Tenho consciência de que, agora que voltaram de férias [parlamentares], tenho que chamar os partidos para conversar e tentar estabelecer uma definição daquilo que quero propor aos partidos. Um acordo político no regime presidencialista é o presidente que propõe, não é o presidente que recebe a proposta.”

No entanto, voltou a rejeitar acordos com o “centrão” e disse que sua relação com o Congresso é a “melhor possível”. Lula tem com os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para costurar os acordos. Novos encontros estão previstao ainda para esta ou a próxima semana.

Estou convencido pelas conversas que tenho tido, inclusive com os presidentes Lira e Pacheco, que as coisas vão ser votadas naturalmente de acordo com o tempo do Congresso Nacional, não de acordo com o meu tempo. E a gente vai construir o que o povo precisa. O que estamos propondo são coisas que interessam ao povo brasileiro.”

Uol