Lula se inclina por Messias e Dantas para o STF

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Foto: Renato Menezes/AGU e Cristiano Mariz/O Globo

A revolta dos movimentos de esquerda, advogados ligados ao PT e de parlamentares do próprio partido com os recentes votos de Cristiano Zanin no Supremo chacoalhou a bolsa de apostas sobre a disputa pela vaga de ministro do STF que será aberta no fim de setembro, com a aposentadoria da ministra Rosa Weber.

A indignação com os votos de Zanin não foi suficiente para dar tração à campanha pela nomeação de uma mulher, mas está servindo para uma ala do petismo tentar aumentar as chances de outro candidato.

Trata-se do atual advogado-geral da União, Jorge Messias, que é apoiado por aliados de Lula como Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann, Aloizio Mercadante e Jaques Wagner.

O grupo procura capitalizar a pressão para que o presidente não nomeie “mais um conservador” em favor de Messias, que vem ganhando favoritismo nas últimas semanas.

Correndo em outra raia, a do chamado “mundo político”, também avançou um pouco à frente dos demais candidatos o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas.

Ambos já “mostraram serviço” ao presidente da República – Messias acaba de divulgar um parecer da AGU favorável à exploração de petróleo na Amazônia, e Dantas suspendeu a concessão de crédito consignado atrelado ao Auxílio Brasil do Governo Bolsonaro, durante a campanha eleitoral.

Dantas, de 45 anos, vem se aproximando de Lula desde a campanha e é apoiado principalmente pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL).

É mais experiente do que Messias, que tem 43, e já era candidato ao Supremo antes mesmo da escolha de Zanin. Mas não é um petista raiz, algo que está se tornando mais valioso à medida que a decepção com os votos do ex-advogado de Lula aumenta.

Embora Messias seja evangélico, membro da Igreja Batista – o que poderia pesar contra ele no campo mais progressista — ele é filiado ao PT e assinou o programa de governo, além de ter implementado iniciativas para a inclusão de minorias na AGU.

A posição da ala que defende Messias – para quem não se lembra, o ‘Bessias’ citado por Dilma no célebre áudio captado pela Lava Jato – porém, não é unânime no PT.

Entre assessores e ministros de Lula no Palácio do Planalto há quem defenda a escolha de Bruno Dantas como uma forma de Lula fazer um “gesto ao mundo político” para contrabalançar a escolha “personalíssima” de Zanin para a primeira vaga.

“Bruno já mostrou que é leal ao presidente”, diz um auxiliar de Lula no Planalto. Ele combateu Bolsonaro no TCU e foi fundamental para parar o empréstimo do Bolsa Família, que ia nos tirar da eleição.”

Como se trata de um assunto delicado, já que o presidente Lula reage mal à pressão de aliados e qualquer atitude mais enfática pode acabar tendo efeito inverso, ninguém se arrisca a defender publicamente um candidato. Mas entre os que defendem Dantas no governo estão os ministros Rui Costa e Alexandre Silveira.

Há outros candidatos no páreo.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, também costuma ser lembrado, mas tem se comportado de forma discreta, sem movimentos públicos que sugiram que ele é efetivamente candidato.

Ainda na fila estão o ministro do STJ Luis Felipe Salomão, defendido por Alexandre de Moraes, a desembargadora do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) Simone Schreiber e a a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Regina Helena Costa.

Mas nenhum desses últimos tem relação pessoal nem a confiança de Lula, o que é tido como critério eliminatório no Palácio do Planalto. “Lula não vai escolher alguém com quem tenha cerimônia”, diz um amigo.

O Globo