Militares que receberam hacker serão punidos

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Foto: Ed Alves/CB/D.A. Press

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, pediu, em ofício enviado à Polícia Federal (PF), na sexta-feira, que sejam fornecidos os nomes dos militares que teriam se encontrado com o hacker Walter Delgatti Neto para que sejam afastados e punidos. A informação do portal UOL foi confirmada pelo Correio. Segundo fontes da pasta, não há registros de reuniões com o estelionatário nas dependências do ministério, como ele afirmou no depoimento que prestou à CPMI do 8 de janeiro, na semana passada.

Segundo o hacker, ele teria sido mandado por Jair Bolsonaro à Defesa para se reunir com militares para discutir o funcionamento das urnas eletrônicas — que o ex-presidente tentou desacreditar ao longo da campanha eleitoral de 2022. Delgatti garantiu à CPMI ter visitado o ministério cinco vezes, no ano passado, na companhia do coronel da reserva Marcelo Câmara, então assessor especial da Presidência da República.

O estelionatário garantiu à CPMI que Bolsonaro teria lhe dado “carta branca” para que provasse que as urnas eram vulneráveis. Assegurou, ainda, que o ex-presidente o indultaria, caso fosse incriminado.

“Faria um código-fonte meu, não o do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), para a população ver que seria possível apertar um voto e imprimir outro”, disse Delgatti aos parlamentares. O hacker receberia uma urna eletrônica emprestada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e instalaria um aplicativo criado por ele. Delgatti afirmou, ainda, que orientou os militares responsáveis pelo relatório das Forças Armadas sobre a segurança das urnas, entregue em 9 de novembro do ano passado.

Militares que participaram do processo de verificação das urnas confirmaram ao jornal Folha de S.Paulo que Delgatti esteve no ministério para tratar da segurança das urnas junto a Marcelo Câmara, mas negam que ele tenha tido tal influência. Conforme disseram, o hacker teria ido à pasta somente em 10 de agosto, e o prédio estava sendo esvaziado quando ocorreu a visita. Já o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, que nega ter se encontrado com Delgatti, estava em Belém na ocasião, após ter participado da Operação Formosa.

O estelionatário e o coronel da reserva teriam entrado pelo subsolo do ministério, sem se registrarem na portaria. A dupla teria ido até o oitavo andar e se encontrado com um dos técnicos da equipe de fiscalização por 20 minutos — que teria percebido que Delgatti não conhecia o sistema eleitoral e nada acrescentaria.

Em resposta ao envolvimento de setores do Exército na movimentação golpista e nos casos de corrupção investigados pela PF, o comandante Tomás Miguel Paiva determinou medidas que afastem a imagem de que a força esteja agindo de forma ilegal. Na última sexta-feira, em uma ordem publicada no Boletim da Força, o general defendeu que o Exército paute suas ações pela legalidade e legitimidade, “mantendo-se coesos e conscientes das servidões da profissão militar”.

“O Exército Brasileiro (EB) é uma Instituição de Estado, apartidária, coesa, integrada à sociedade e em permanente estado de prontidão (…). Os quadros da Força devem pautar suas ações pela legalidade e legitimidade”, anunciou.

Correio Braziliense