Mulheres de Bolsonaro e Cid estão na mira

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Foto: Adriano Machado/Reuters

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu a comunicação entre o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e seu antigo chefe, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O novo desdobramento do inquérito das milícias digitais ainda estende o impedimento para outros investigados, como a mulher do ex-presidente, Michelle Bolsonaro (PL), e a de Cid, Gabriela.

Para Moraes, o veto à comunicação entre os investigados é fundamental para que a Justiça possa continuar a apuração dos fatos. “Evidentemente, neste caso, a incomunicabilidade entre os investigados alvos das medidas é absolutamente necessária à conveniência da instrução criminal, pois existem diversos fatos cujos esclarecimentos dependem da finalização das medidas investigativas, notadamente no que diz respeito à análise do material apreendido e realização da oitiva de todos os agentes envolvidos”, escreveu o ministro em decisão assinada na quarta-feira, 23, divulgada pela TV Globo.

A determinação ocorreu depois de a Polícia Federal descobrir novos indícios de crimes durante a análise do celular de Mauro Cid, inclusive com a revelação de novos fatos e agentes que estariam envolvidos em diferentes frentes investigadas pelo inquérito das milícias digitais.

O ex-ajudante de ordens foi preso no início de maio, suspeito de ter participado de uma fraude para inserção de dados falsos de vacinação da covid-19 no sistema do Ministério da Saúde. A investigação envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, que supostamente teve seu cartão de vacinação forjado antes de viajar aos Estados Unidos.

Mas a situação de Cid se complicou ainda mais depois da prisão. Com a investigação, descobriu-se indícios de sua participação em diferentes frentes investigadas pelo inquérito das milícias digitais. Sua impressão digital como ajudante de ordens de Bolsonaro aparece em tentativas de um suposto golpe de Estado e no desvio das joias e outros presentes recebidos pelo ex-presidente ou representantes dele em viagens ao exterior.

Nesta sexta-feira, 25, ele foi ouvido pela Polícia Federal no inquérito que apura as ações do hacker Walter Delgatti Neto, suspeito de ter invadido sistemas da Justiça a mando da deputada Carla Zambelli (PL), com envolvimento do ex-presidente Bolsonaro. Cid voltará a prestar depoimento à corporação na próxima segunda, dia 28.

Entre as descobertas feitas na incursão aos celulares de Mauro Cid e da mulher dele, Gabriela Cid, a Polícia Federal teria descoberto indícios da participação de militares da ativa na tentativa de golpe contra o Estado brasileiro depois da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022.

Ao STF, a PF relatou que “foram identificadas, nos telefones celulares de Mauro Cesar Cid e Gabriela Santiago Cid, várias mensagens postadas em grupos e chats privados do aplicativo WhatsApp, em que os interlocutores, incluindo militares da ativa, incentivam a continuidade das manifestações antidemocráticas e a execução de um golpe de Estado após o pleito eleitoral de 2022, inclusive com financiamento aos atos ilícitos”.

A PF indica também que a atuação da “milícia digital” foi central para espalhar, sem provas, a ideia falsa de que as eleições presidenciais teriam sido fraudadas, “estimulando aos seus seguidores ‘resistirem’ na frente de quartéis e instalações das Forças Armadas, no intuito de criar o ambiente propício para uma intervenção federal comandada pelas forças militares, sob o pretexto de aturarem como um Poder Moderador, com base em uma interpretação peculiar do art. 142 da Constituição Federal’”.

Dessa forma, a atuação dos investigados, segundo a Polícia Federal, “foi um dos elementos que contribuiu para os atos criminosos ocorridos no dia 08 de janeiro de 2023″, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília.

Estadão