Nunes está com medo de se aliar a Bolsonaro

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Foto: Reprodução

O “namoro” do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já ocupa o noticiário político há mais de três meses, mas os dois lados resistem a anunciar uma união estável para a eleição municipal de 2024.

Nessa segunda-feira (7/8), em novo encontro em São Paulo, Nunes e Bolsonaro almoçaram com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na sede da Prefeitura de São Paulo para discutir, principalmente, a aliança pela reeleição do prefeito no ano que vem.

Em tom de brincadeira, Bolsonaro disse que Nunes “está aprendendo” a tratá-lo bem porque serviu tubaína na refeição, a terceira em poucos meses. O prefeito disse que está “construindo uma boa proximidade” com o ex-presidente, quanto Bolsonaro retribuiu dizendo que “ninguém manda flores para quem não ama”.

Mas ambos deixaram escapar na fala a jornalistas que o clima do almoço não foi só de descontração. Bolsonaro falou em “desabafo”, enquanto Nunes mencionou o “nível de cobrança” que ouviu do ex-presidente, emendando que “parece até que (ele) mora aqui em São Paulo”.

Embora não tenham dado mais detalhes, o “desabafo” e a “cobrança” giraram em torno do espaço que Nunes está disposto a dar ao bolsonarismo em troca do apoio à sua reeleição. Os bolsonaristas já limaram a pré-candidatura do deputado federal Ricardo Salles (PL), vista como obstáculo à reeleição de Nunes, e esperam uma retribuição nos moldes da política tradicional.

Ao contrário do que fez nas eleições de 2020, quando apoiou alguns poucos candidatos a prefeito enquanto era presidente da República, Bolsonaro planeja se envolver mais nas disputas do ano que vem, especialmente em grandes cidades, como a capital paulista.

Para isso, os bolsonaristas não se contentam apenas com a coligação na campanha. Querem uma sinalização prévia de aliança com cargos na Prefeitura, que é ocupada hoje por vários secretários de centro-esquerda ou declaradamente antibolsonaristas.

Como ainda não há consenso, tanto Nunes quanto Bolsonaro seguem adiando o “casamento”, como o ex-presidente costuma se referir às suas alianaçs políticas. “Está quase fechado. Está faltando pouco. Podemos nos declarar noivos já?”, brincou Bolsonaro ao ser questionado sobre o apoio à reeleição ao lado do prefeito.

Quando foi perguntado sobre a vaga de vice na chapa de Nunes, Bolsonaro despistou. Disse que o indicado “não tem que ser obrigatoriamente” um nome seu ou do PL e que o anúncio “muito antecipado” do vice abre margem para “levar tiro desnecessário” dos opositores.

“É desgaste até o último dia. Então, vamos deixar atrasar o máximo possível porque até a escolha fica sendo melhor”, disse o ex-presidente.

O fato é que Ricardo Nunes já tem praticamente acertado com Valdemar Costa Neto, presidente do PL, o apoio do partido à sua reeleição e mantém uma relação de proximidade com Bolsonaro com o objetivo de evitar o lançamento de uma candidatura bolsonarista que atrapalhe seu projeto eleitoral.

Metrópoles