Palhaçada bolsonarista na CPI foi à toa

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Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Para tentar livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) daas sérias acusações feitas pelo hacker Walter Delgatti Neto na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8/1, nessa quinta-feira (17/8), seus aliados culparam o PT pela “ascensão” do hacker e, para desqualificá-lo, não só o chamaram de “bandido” e “estelionatário”, como relembraram o caso da “Vaza Jato”.

Delgatti foi preso preventivamente na Operação Spoofing, da Polícia Federal, realizada em julho de 2019, que deteve seis hackers suspeitos de invadirem os celulares de autoridades, como membros do Ministério Público Federal (MPF) do Paraná e o senador Sergio Moro (União-PR), na época ministro da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro.

O ex-presdidente é acusado de ser o mandante de uma série de atos ilícitos. Em seu depoimento, Delgatti chegou a afirmar que Bolsonaro pediu para ele criar um “código-fonte fake” e simular falhas em uma urna eletrônica. A ação seria feita durante um ato em 7 de setembro, no ano passado. Além disso, o hacker afirmou que Bolsonaro ofereceu um indulto caso ele fosse incriminado pelos crimes.

Segundo o hacker, Bolsonaro teria mencionado um grampo contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que estaria sob posse do governo, e teria pedido que Delgatti assumisse a autoria do grampo. O depoimento, no geral, é visto como uma clara ligação de Bolsonaro a um plano de golpe de estado.

Com a CPI dividida, Delgatti decidiu se calar ao ser questionado por parlamentares da oposição. Ele ficou em silêncio durante as falas de Damares Alves (Republicanos-DF), Flávio Bolsonaro (PL), Marcos Rogério (PL-RO) e Delegado Alexandre Ramagem (PL-RJ), valendo-se de habeas corpus concedido pelo STF.

A senadora Damares o alertou de ter sido “abandonado pela esquerda” e, por isso, estaria movido pela raiva: “Porque você fez um serviço para a esquerda na ‘Vaza Jato’, movido por sentimentos de que estava sendo injustiçado por um sistema. Eu também sou o tempo todo injustiçada. Se tem uma pessoa nessa nação que é o tempo todo atacada, criticada, injustiçada, sou eu, e não saio por aí fazendo vingança”.

“E aí, Walter, no mesmo sentido, eu quero dizer que, por você ter problemas – já provou que você cometeu crimes -, a sua palavra está em dúvida aqui. É a sua palavra contra a palavra de um presidente da República. Vocês se encontraram? Se encontraram. Você percebeu que o usaram hoje e que você não vai conseguir provar que ele lhe pediu tudo aquilo? Mais uma vez, Walter, quem sai prejudicado, nessa grande história complicada da sua vida, é você. Você não tem como provar”, reiterou a senadora.

“O senhor recebeu alguma vantagem para fazer esse trabalho”, questionou o senador Flávio Bolsonaro (PL). “Por orientação do meu advogado, irei ficar em silêncio”, repetiu Delgatti.

O bolsonarista André Fernandes também confrontou o depoente e criou um suposto cronograma para mudanças de narrativas do hacker.

“Veja só: julho, agosto, quando foi o encontro dele estranhamente com a deputada Carla Zambelli em um hotel, e ninguém sabe em qual circunstância o levou a estar no mesmo hotel, ele olhou a deputada, pede para tirar uma foto e se apresenta como um hacker que invadiu celulares de dezenas de autoridades, que é o hacker da ‘Vaza Jato” que ajudou a esquerda, o hacker que ajudou a tirar da cadeia dezenas de bandidos, que, inclusive, tiveram que devolver milhões e milhões aos cofres públicos”, ressaltou.

“Em agosto, encontra, tira uma foto, se apresenta e, de repente, como em um toque de mágica, ele muda. Agora, ele já não é mais o Walter que ajudou o PT lá atrás, que ajudou a tirar bandido da cadeia, que fez o PT e o Lula ressurgirem. Já não é mais o Walter que, um mês atrás, estava dizendo: ‘Vou apertar o 13’. Ele já surge agora sendo o cara que quer ajudar o Bolsonaro”, ironizou o deputado.

O deputado Filipe Barros (PL-PR) afirmou que o silêncio de Delgatti é uma “fraude”. “Nós estamos diante de uma fraude, porque, inclusive em relação à ‘Vaza Jato’, inúmeros especialistas sempre afirmaram que o método que ele utilizou para obter aquelas mensagens seria impossível. Nós estamos diante de uma fraude, porque, no mês de julho, ele disse que votaria no Lula, e, coincidentemente, aparece dentro do hotel em que Carla Zambelli estava e pede para tirar uma foto”, atacou o parlamentar.

Delgatti, no entanto, não reagiu às provcações da oposição e passou a repetir: “Irei ficar em silêncio”.

Em depoimento à CPMI, Delgatti afirmou que Bolsonaro pediu para ele criar um “código-fonte fake” e simular falhas em uma urna eletrônica. A ação seria feita durante um ato em 7 de setembro, no ano passado.

O hacker também afirmou que Bolsonaro ofereceu um indulto caso ele fosse incriminado pelo crime. Além disso, o ex-presidente teria mencionado um grampo contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que estaria sob posse do governo. Bolsonaro também teria pedido que Delgatti assumisse a autoria do grampo.

A oitiva na CPMI ocorreu um dia após o depoimento de Delgatti à Polícia Federal (PF). O hacker é investigado pela suposta inserção de dados falsos sobre o ministro Alexandre de Moraes, do STF, no Banco Nacional de Mandados de Prisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Investigações apontam que Delgatti teria sido contratado pela deputada federal Zambelli, ligada ao ex-presidente, para prestar os serviços que teriam o objetivo de beneficiar Bolsonaro durante as eleições de 2022.

Metrópoles