PF interrogará hoje 47 policiais rodoviários

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Foto: EVARISTO SA / AFP

A Polícia Federal deve ouvir ainda na manhã desta quarta-feira 47 membros da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que, segundo a investigação, participaram de reuniões com o ex-diretor-geral Silvinei Vasques sobre a operação de bloqueios em estradas no segundo turno das eleições. Vasques foi preso hoje, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do inquérito que apura se ele atuou para atrapalhar a votação de eleitores de Lula em 30 de outubro de 2022.

Segundo as investigações, em um desses encontros com policiais rodoviários federais, Vasques teria orientado um “policiamento direcionado” no dia da segunda etapa da eleição presidencial. Os 47 vão depor nas unidades da Polícia Federal mais próximas das cidades onde trabalham.

Nesta quarta, a Polícia Federal, que investiga a atuação da PRF na eleição, prendeu Vasques por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e cumpriu mandados de busca e apreensão contra outros policiais.

Os alvos foram:

Wendel Benevides, ex-corregedor-geral;
Djairlon Henrique Moura, ex-diretor de Operações;
Luis Carlos Reischak, ex-diretor de Inteligência;
Rodrigo Cardozo Hoppe ex-diretor de Inteligência Substituto;
Anderson Frazão, ex-coordenador-geral de Gestão Operacional;
Antonio Melo Schlichting Junior, ex-coordenador-geral de Combate ao Crime;
Bruno Nonato, ex-PRF e hoje na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A reunião da cúpula da PRF, que está sob escrutínio da PF, foi realizada no dia 19 de outubro de 2022. A então direção da corporação responsável pelo policiamento das estradas federais convocou mais de 40 integrantes do Conselho Superior da Polícia Rodoviária Federal para ir a Brasília tratar sobre as operações de bloqueio.

Nessa reunião, segundo investigadores, foi falado sobre o “policiamento direcionado” no dia do segundo turno das eleições. Os policiais rodoviários chamados para depor hoje devem dar mais detalhes sobre o que foi discutido no encontro.

Dados obtidos pelo GLOBO por meio da Lei de Acesso à Informação mostraram que, sob o comando de Vasques, a região Nordeste, principal reduto eleitoral do presidente Lula, concentrou um terço das abordagens a veículos realizadas em todo o Brasil no dia 30 de outubro do ano passado.

Os números mostram que 2.887 veículos foram parados no Nordeste em fiscalizações de equipamentos obrigatórios e de identificação veicular, tipo de blitz que provocou reclamações de moradores da região naquela data. O volume representa 31,6% do total das abordagens no país (9.133), sendo o Nordeste responsável por 17,6% da frota de veículos. Já no Sudeste, onde circulam 47,8% da frota brasileira, a PRF parou menos veículos no segundo turno, 2.543, o que representou 27,8% das abordagens.

O advogado Eduardo Pedro Nostrani Simão, que representa Vasques, informou que os defensores do ex-diretor-geral irão para Brasília para acompanhar o depoimento dele e pedirão, oportunamente, a revogação da prisão.

O Globo