Polícia teria localizado arma que matou PM no Guarujá

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Foto: SSP

“Acertou a viatura, acertou a viatura. Deu merda”. Assim o suspeito do assassinato do soldado da PM Patrick Bastos Reis, da Rota, descreve o momento em que o policial foi atingido na quinta-feira da semana passada por um disparo feito da parte mais alta da Vila Júlia, no Guarujá, na Baixada Santista, em São Paulo. Em seu depoimento, Erickson David da Silva, apontado como o “sniper” do tráfico local, alega que viu o tiro e que ele teria sido dado a esmo por outro criminoso, o que, de acordo com ele, acontece com certa frequência para indicar a chegada da polícia à comunidade. O delegado Antônio Sucupira Neto, que investiga o caso e localizou a possível arma do crime, terá que confrontar provas e se apoiar na perícia técnica para determinar quem foi o autor do disparo. Segundo o advogado de Erickson, Wilton Félix, ele se entregou por medo de ser executado devido ao grande clamor público provocado pelo crime. Antes de se entregar, Erickson, conhecido como Deivinho, que tem antecedentes por roubo e deixou o sistema penitenciário em 2016, gravou um vídeo em que acusa o secretário de Segurança, Guilherme Derrite, e o governador, Tarcísio Freitas, de estarem “matando inocentes”. Ele afirmou já ter feito parte da quadrilha, em que teria atuado em várias funções, mas alegou que, no momento do crime, na quinta-feira (27/7), estava na “boca” comprando maconha para consumo próprio. Ele também seria usuário de cocaína. O outro criminoso, de acordo com Erickson, estaria entre os 32 já presos pela polícia: Marcos Antônio de Assis Silva, conhecido como Mazzaropi. Félix diz que o cliente estaria trabalhando desde 2021 como ajudante de pedreiro e demonstra estar tranquilo com o relato. O advogado diz que Erickson responde por três crimes: tentativa de homicídio (um outro policial foi atingido na mão), pelo homicídio de Patrick e por associação para o tráfico. O advogado conta que Erickson descreveu a arma do crime, que seria uma pistola G2C, fabricada pela Taurus. Ele também afirmou que os policiais, Patrick e outro PM que ficou ferido não atiraram na direção da Vila Júlia. O delegado Antônio Sucupira mantém sob proteção uma testemunha que disse ter visto uma pessoa esconder a arma, que teria sido usada no crime, num beco. Após uma denúncia anônima, ele e sua equipe recolheram na noite de segunda-feira uma pistola dentro de dois sacos plásticos e coberta de barro, num beco da Vila Júlia, a poucos metros do local do assassinato. O delegado informou ainda que a testemunha é um dos suspeitos presos, que estava sendo procurado desde quinta-feira. Ao ser localizado, ele prestou depoimento com revelações sobre a dinâmica do crime para a polícia: “A testemunha relatou uma série de informações que consideramos importantes para elucidar o crime. A pistola estava muito próxima do local de onde teria sido feito o disparo que matou o policial.” O soldado Patrick Bastos Reis, da Rotas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), foi baleado enquanto fazia o patrulhamento. O policial de 30 anos tinha três filhos e era campeão de jiu-jítsu. O clima continua tenso na região onde, nessa terça-feira (1), dois policiais militares foram baleados em Santos. Eles ficaram feridos e estão sendo atendidos na Santa Casa da cidade. Desde que o PM foi morto, 14 pessoas morreram na região, 32 foram presas, mais de 20 quilos de droga e 11 armas foram apreendidas, de acordo com a Secretaria Estadual de Segurança de São Paulo. Em resposta ao assassinato do soldado da Rota, o governo estadual deflagrou a Operação Escudo, a fim de tentar encontrar o autor dos tiros. Moradores relatam abusos e clima de medo na região com as constantes trocas de tiros.

Valor Econômico