PT do Rio se divide sobre candidatos em 2024

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Foto: Reprodução

A definição das candidaturas a prefeito do PT no Estado do Rio provocou um racha entre caciques do partido: os deputados federais Lindbergh Farias e Washington Quaquá. A divisão entre eles ficou evidente no seminário promovido pela legenda no último fim de semana na Baixada Fluminense, região que concentra a maior parte dos impasses. Há divergências nas duas maiores cidades, Duque de Caxias e Nova Iguaçu, além de Queimados, município em que as negociações de alianças estão atreladas à vizinha Japeri. As disputas já chegaram a outras regiões, como a capital.

Município que sediou o seminário, Nova Iguaçu é um exemplo do acirramento entre petistas. Acompanhado da presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias foi alçado no evento a pré-candidato a prefeito, embora ele próprio resista à ideia. Dois dias depois, seguindo em sentido contrário, Washington Quaquá, que é vice-presidente nacional do partido, anunciou sua intenção de apoiar a candidatura de Juninho do Pneu (União). Deputado federal, Juninho é aliado do atual prefeito, Rogério Lisboa, do PP.

Lindbergh e Quaquá também protagonizam disputas em outras cidades da Baixada, região com forte influência do bolsonarismo e estratégica para o crescimento do PT fluminense. Lindbergh, prefeito de Nova Iguaçu por duas vezes, defende em Queimados o apoio ao atual prefeito, Glauco Kaizer (SDD). O entendimento entre o petista e o prefeito já rendeu frutos. O deputado intermediou a entrada da legenda no governo, com a indicação do presidente do diretório municipal, Ribamar Dadinho, para secretário de Habitação. Contrário à entrada do PT no governo, Quaquá é a favor da candidatura de Rogério Brandi pelo PDT, nome indicado pelo deputado federal e ex-prefeito Max Lemos (PDT).

— Tenho a palavra do presidente estadual do PT, João Maurício de Freitas, do apoio do partido à candidatura de Rogério Brandi. Apoio esse também aprovado pelo deputado Washington Quaquá. A aliança se deve à nossa fidelidade às candidaturas do PT. O PDT também faz parte da base do presidente Lula, que apoiei nas eleições do ano passado — afirma Max Lemos, que condiciona a união em Queimados ao apoio do PDT à candidatura à reeleição da prefeita de Japeri, Fernanda Ontiveros (PT).

Duque de Caxias é outro palco de disputa entre Lindbergh e Quaquá. O vice-presidente nacional da legenda defende uma aliança com o PDT, que lançará o deputado federal Marcos Tavares. Já Lindbergh sugere o lançamento de um nome da federação PT-PV-PCdoB. Na fila estão petistas, como o ex-ministro Celso Pansera, e o ex-prefeito José Camilo Zito, indicado pelo PV.

— Em Duque de Caxias, assim como nas demais cidades, vamos avaliar as candidaturas e tentarmos chegar a um consenso. Caso não haja um entendimento, consultaremos as bases de cada município. Temos até o final deste semestre e o início do ano que vem para decidirmos — afirma o presidente estadual do PT, João Maurício de Freitas. — Nas cidades maiores, além do aval dos diretórios municipais, os candidatos terão de ser aprovados pelas executivas estadual e nacional. Vamos buscar nomes de consenso, alinhados com o governo Lula — sugere o petista como forma de pacificar os embates internos.

Na capital, Lindbergh propõe uma aliança com o PSOL do deputado federal Tarcísio Motta e da deputada estadual Renata Souza, pré-candidatos da legenda. Já Quaquá é a favor do apoio à reeleição do prefeito Eduardo Paes (PSD). Ele sugere, inclusive, seu filho, Diego Zeidan, para a vaga de vice. Já uma corrente do PT avalia para o posto o nome do secretário de Assuntos Federativos do governo Lula e ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio, André Ceciliano.

Alinhado a João Maurício, Ceciliano afirma que o martelo para as candidaturas será batido pelo diretório regional, numa tentativa de estancar um eventual racha:

— Não vejo a possibilidade de racha (quando chegarmos às eleições). Lindbergh e Quaquá são dois deputados federais. É natural que tenham feito seus movimentos, mas quem vai dar o direcionamento é a executiva.

Já o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, tem acompanhado de longe os embates no estado e concentrado suas atenções na capital. Segundo interlocutores, há uma aposta de seu grupo na cisão entre Paes e o PT, caso o prefeito não garanta a vaga de vice aos petistas. Freixo seria uma opção de candidatura própria para o PT. Procurados, Lindbergh, Quaquá e Freixo não retornaram.

O Globo