Veja o que Bolsonaro dirá sobre indiciamento por 8/1

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Foto: Alan Santos/PR

No caso do roubo das joias, caso seja denunciado e sente no banco dos réus, Bolsonaro, por enquanto, não sabe o que dirá. Parece perdidinho da silva, segundo pessoas com acesso a ele. Foi pego de surpresa pelas ações da Polícia Federal a mando da Justiça.

Seus advogados estudam várias teses de defesa. A mais recente, pedir de volta as joias surrupiadas ao Estado brasileiro, alegando que pertencem a Bolsonaro, foram oferecidas a ele por governos estrangeiros, são itens “personalíssimos” e não foram surrupiadas.

A tese não se sustenta. Acima de determinado valor, presentes dados a autoridades públicas vão diretamente para o acervo do Estado. O preço das joias excede de longe o valor determinado em lei. As joias estão mais para pagamento de suborno do que para brindes.

Não fosse assim, por que Bolsonaro embolsou parte delas antes de deixar o cargo? Por que as levou no avião presidencial para vendê-las nos Estados Unidos? Por que o dinheiro apurado com a venda caiu em sua conta? E por que mandou recomprar algumas?

Porque descoberto o crime, quis encobri-lo devolvendo as joias. Se fossem itens “personalíssimos”, não os devolveria. Conta outra, Jair. É atrás do que contar com o mínimo de verossimilhança que correm os advogados pagos pelo partido do Valdemar.

Ou você pensa que Bolsonaro paga alguma coisa do próprio bolso? Nem recapeamento dos dentes ele paga. Faz um comercial para o dentista e estamos conversados. Se quer mais dinheiro, pede ao PL, partido de Valdemar Costa Neto. Ou aos seus devotos.

Quanto à acusação de que esteve por trás do golpe fracassado do 8 de Janeiro, caso venha a se tornar réu, já sabe o que dirá. A cartilha da extrema direita é universal. Com pequenas variações para atender circunstâncias locais, o discurso é sempre o mesmo.

“Temos todo o direito de contestar uma eleição que consideramos desonesta”, disse, ontem, no estado da Geórgia, o ex-presidente Donal Trump, em sua quarta prisão criminal, acusado de conspirar com aliados para reverter sua derrota nas eleições de 2020.

“Reverter a derrota”, “eleição desonesta” são sinônimos de golpe. Derrotado pelo democrata Joe Biden, Trump, primeiro, pediu recontagem de votos. Segundo, pressionou o vice-presidente a não proclamar os resultados. Por último, e o mais trágico…

Por último, estimulou seus eleitores a invadirem o Capitólio, em Washington. Morreu gente. Gente saiu ferida. Os congressistas fugiram para não serem mortos. Lembra alguma coisa? Aqui não houve mortes porque Deus é brasileiro, embora ande distraído.

Mas foi pior. Os golpistas acamparam à porta de quartéis sob a proteção dos militares. Estradas foram bloqueadas. Por pouco, uma bomba não explodiu, destruindo o aeroporto de Brasília. As sedes dos três Poderes da República foram saqueadas.

Considerem, a levar-se em conta que um golpe mesmo sem uso ostensivo de blindados significa a ocupação das sedes dos Poderes. Por algum tempo aqui, o golpe foi consumado. Durou pouco como se viu. O amadorismo acabou castigado. Salve o amadorismo!

Bolsonaro repetirá Trump: “Temos todo o direito de contestar uma eleição que consideramos desonesta”. Com uma diferença: se Trump for condenado e preso, poderá ser candidato. Bolsonaro já não pode. Está inelegível até 2030. E responde a outros processos.

A cadeia poderá lhe fazer bem.

Metrópoles