Almirante golpista é pego na mentira
Foto: Ag. O Globo
O ex-comandante-geral da Marinha Almir Garnier afirmou, em pelo menos duas ocasiões, que havia se mantido em completo silêncio quanto às eleições de 2022, tanto em público quanto reservadamente.
As declarações foram proferidas em 30 de setembro e em 3 de outubro (dia seguinte ao primeiro turno) do ano passado, via redes sociais, enquanto o militar negava informações que haviam sido apuradas pelo jornal “O Estado de S.Paulo” a respeito de posições dele, nos bastidores das Forças Armadas, sobre o processo eleitoral.
À época, o “Estadão” dizia que tanto Garnier quanto o general Freire Gomes (à época comandante do Exército) e o brigadeiro Baptista Júnior (então à frente da Aeronáutica) evitariam fazer comentários sobre os resultados das urnas que, um mês depois, passado o segundo turno, indicaram a vitória de Lula sobre Jair Bolsonaro, com quem Garnier se demonstrava alinhado.
Diante dessa projeção do jornal, Garnier afirmava que “nunca tratei disso com ninguém”, em referência à maneira como as FFAA agiriam diante do resultado eleitoral. E reiterava que “o fato de não ter se pronunciado, não muda o fato de que jamais comentei, com qualquer pessoa, algo a respeito desse assunto”, em alusão ao resultado do primeiro turno, com Lula à frente de Bolsonaro, rumo ao segundo.
Dessa maneira, o militar indicava que as eleições estariam de fora das conversas que mantinha com os pares (os comandantes do Exército e da Aeronáutica) e com outras autoridades.
Só que Mauro Cid, ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, teria dito o contrário à PF. Conforme revelou a colunista Bela Megale em seu blog, hoje mais cedo, Cid teria delatado que Garnier foi o único da cúpula das Forças a embarcar num plano golpista cogitado pelo ex-presidente para burlar o resultado das eleições — aquelas que o militar sequer teria abordado em comentários públicos ou privados.
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Diante do que teriam sido, então, declarações supostamente mentirosas de Garnier quanto ao silêncio dele nas eleições, internautas críticos ao bolsonarismo passaram a manhã atacando o militar. E pressupondo que as falas dele cairão por terra com a delação de Cid.
A publicação mais recente de Garnier foi há um mês, quando ele participou de uma solenidade da Marinha no Rio de Janeiro.