Múcio tenta aliviar barra de militares golpistas

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Foto: Cristiano Mariz/O Globo

O ministro da Defesa, José Múcio, disse que é importante “separar culpados dos suspeitos” na investigação sobre a iniciativa golpista após a eleição do ano passado com a possível anuência de integrantes da cúpula das Forças Armadas. O tenente-coronel Mauro Cid afirmou em delação premiada, segundo a colunista Bela Megale, que o ex-presidente Jair Bolsonaro se reuniu com representantes do Alto Comando para discutir detalhes de uma minuta que abriria possibilidade de intervenção militar. Múcio acrescentou ao GLOBO que Exército, Marinha e Aeronáutica não embarcaram na ofensiva. O ministro pretende se reunir ainda nesta tarde com os comandantes das três forças.

— As Forças Armadas não aceitaram proposta de golpe. Eu digo isso há algum tempo. As instituições não embarcaram. É importante que esse processo se conclua, para que possamos separar os culpados dos suspeitos — afirmou Múcio.

O ministro quer se encontrar nesta quinta-feira com os chefes de Exército, Marinha e Aeronáutica para tratar das novas revelações. O comandante do Exército, Tomás Paiva, está na Amazônia nesta manhã.

Segundo os depoimentos prestados à Polícia Federal, o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, teria dito a Bolsonaro que estaria disposto a aderir a um chamamento do então presidente. O comando do Exército, no entanto, afirmou que não embarcaria no plano golpista — o chefe da Força à época era o general Marco Antônio Freire Gomes. Garnier ainda não foi localizado para comentar.

O ministro da Defesa vem defendendo que sejam identificados militares que cometeram eventuais irregularidades para, ao puni-los, se possa diluir o clima desconfiança sobre a caserna e diminuir o tensionamento gerado com os atos golpistas de 8 de janeiro e o avanço de investigações da Polícia Federal sobre os fardados.

Múcio também tenta ter acesso aos nomes que estão sendo investigados pela PF nos inquéritos sobre as joias trazidas pelo governo anterior ao Brasil. Os processos, no entanto, correm em segredo de Justiça no Supremo Tribunal Federal e ainda não houve retorno da Corte sobre a solicitação do ministro.

A partir da delação premiada de Cid, a Polícia Federal vai buscar novos elementos de corroboração. Como já foi revelado no curso da investigação, havia no celular do tenente-coronel, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, uma minuta apócrifa de teor golpista com uma proposta de decretar estado de sítio e, em seguida, decretar uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), levando os militares para o centro do poder. A PF busca, principalmente, elementos para impulsionar três investigações: além da trama golpista, o caso da suposta venda irregular de joias e da fraude nos cartões de vacina.

Em nota, a defesa de Cid afirmou que “não tem os referidos depoimentos, que são sigilosos, e por essa mesma razão não confirma seu conteúdo”.

O Globo