Bolsonarismo quer proibir lives de Lula

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Foto: Ricardo Stuckert/PR

O Tribunal de Contas da União (TCU) vai analisar uma representação que pede a suspensão do uso de redes sociais do governo para divulgar trechos do “Conversa com o presidente”, live periódica realizada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A denúncia alega que as postagens têm o interesse de promoção pessoal do petista e, por isso, ferem o princípio da impessoalidade e da moralidade na administração pública.

Segundo o documento, protocolado na última semana pelo deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), tornou-se “cada vez mais comum” o uso de perfis oficiais do governo para promoção do atual presidente. Entre os perfis oficiais citados, estão o do governo federal, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, da Presidência da República, da Casa Civil, da Secretaria de Relações Institucionais, do Ministério das Cidades, da TV Brasil e da EBC.

“Desperta nossa atenção o fato de páginas institucionais da Administração Pública promoverem a imagem do presidente de forma tão direta e em evidente afronta aos princípios constitucionais”, afirma a denúncia. A representação entrou na pauta do TCU para a próxima quarta-feira, sob a relatoria do ministro Jorge Oliveira.

O parlamentar bolsonarista pede que o TCU avalie a aplicação de uma medida cautelar caso identifique irregularidades nas publicações, determinando que o governo federal não realize postagens em redes sociais que façam alusão à promoção pessoal de autoridades e servidores públicos. Orleans e Bragança ainda pede que a restrição se estenda aos titulares e servidores das pastas.

Desde a criação do “Conversa com o presidente”, em junho, Lula foi criticado por oposicionistas por usar a live semanal para falar de ações de sua gestão. No encontro no formato de conversa, o presidente já antecipou decisões e exaltou medidas implementadas pelo governo federal.

O modelo é similar ao utilizado por Jair Bolsonaro (PL), antecessor de Lula no cargo. O ex-presidente chegou a ser impedido de, durante as eleições do ano passado, realizar suas lives das dependências do Palácio do Planalto.

Na transmissão de estreia, no dia 13 de junho, Lula defendeu a ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida, que retoma uma política habitacional de antigos governos petistas, para atender famílias de classe média, público em que enfrenta dificuldade de aumentar a popularidade:

— Nós precisamos fazer não apenas o “Minha Casa, Minha Vida” para as pessoas mais pobres, precisamos fazer “Minha Casa, Minha Vida” para a classe média. O cara que ganha R$ 10 mil, R$ 12 mil, R$ 8 mil também quer ter uma casa e esse cara quer ter uma casa melhor. Então, nós vamos ter que ter capacidade de fazer uma quantidade enorme de casa para essa gente — disse.

Um mês depois, direto de Bruxelas, capital da Bélgica, Lula comentou os resultados do programa Desenrola Brasil, de renegociação de dívidas, afirmando que “quem gosta de dever é rico”. Ele ainda defendeu a China sobre a política ambiental do país asiático:

— Todo mundo queria culpar a China, e o Brasil disse “não”. A gente não vai culpar a China porque teve gente poluindo o planeta antes da China. Não foi a China que fez a revolução industrial. A revolução industrial que poluiu o planeta, vem de 200 anos atrás. Eu quero saber se as pessoas estão pagando a dívida que têm com o planeta Terra.

O Globo