Crise pode levar à cassação de vereador em BH

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Foto: Divulgação

O presidente da Câmara de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo (Sem partido), enfrenta uma crise interna há semanas na Casa que vem escalando e chegou a um pedido de cassação do político. Nos bastidores, Azevedo acusa o secretário estadual da Casa Civil, Marcelo Aro, de tentar coagir vereadores a votarem a favor de sua perda de mandato. O pedido pode ser aberto nesta segunda-feira. O vereador reage e afirma que suas atitudes estão dentro do decoro parlamentar.

De acordo com Azevedo, ao menos onze vereadores relataram pressões sofridas por Marcelo Aro, aliado do governador Romeu Zema. Azevedo afirma que o secretário teria oferecido cargos como moeda de troca, e disse em conversas que a atuação política dos parlamentares poderia ser prejudicada caso eles se mantivessem fieis ao presidente da câmara municipal.

Os vereadores Loide Gonçalves (Podemos), Gilson Guimarães (Rede Sustentabilidade) e Cleiton Xavier (PMN) prestaram queixas na Polícia Civil contra Aro por coação. Zema defendeu nesta segunda-feira a investigação contra seu aliado:

— Eu não sou investigador, mas sou favorável a todo tipo de investigação para que tudo seja apurado e esclarecido. Eu gosto de proteger o que é certo, eu não protejo ninguém.

Antiga aliada do atual presidente da Câmara de Belo Horizonte, a deputada federal Nely Aquino (Podemos) protocolou um pedido de afastamento e cassação contra Azevedo na semana passada, sob a acusação de abuso de poder. De acordo com a denúncia, Azevedo ajudou um assessor a fraudar o arquivamento de outro pedido de cassação contra ele. Na outra denúncia, o presidente da Casa teria chamado a bancada do PDT de “resto de ontem” e “lambe-botas”.

O pedido de Nely Aquino pede o afastamento imediato de Azevedo do comando da Casa. Outros episódios são citados, como a “tentativa de intimidar colegas”, e também de ser ríspido com a vereadora Flávia Borja (PP). O pedido de afastamento foi negado na sexta-feira pelo Tribunal de Justiça de MG.

Questionado sobre os casos, Azevedo admite ter sido ríspido com a colega, mas que pediu desculpas em plenário:

— Desde que me tornei presidente, todas as “putarias” da Câmara acabaram. Eu sou correto e não aceito as “maracutaias”. Não tenho problema com a abertura do pedido de cassação contra mim, é do jogo. O que não pode ocorrer é o vice me afastar assim que a abertura ocorrer. Não existe previsão legal no regimento interno — disse Azevedo ao GLOBO.

Quando se elegeu presidente da Câmara, em dezembro do ano passado, Gabriel Azevedo tinha o apoio da maioria da Casa Legislativa e recebeu 21 votos entre os 41 vereadores. O apoio foi caindo ao longo dos meses com impasses relacionados aos 9 parlamentares ligados à família de Marcelo Aro.

Atualmente, quatro secretários do prefeito Fuad Noman (PSD) são ligados a Aro. Essa medida teria contribuído para que o grupo se aproximasse da base de governo, deixando de apoiar Azevedo.

Azevedo está sem partido desde 2021, quando foi expulso do Patriota por criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O Globo