Ex-chefe da PRF carregava fotos do casal Bolsonaro
Foto: Reprodução
O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques tinha fotografias de Jair e Michelle Bolsonaro na galeria de seu celular. Preso há um mês suspeito de favorecer Bolsonaro na eleição, Vasques havia dito à CPI do 8 de Janeiro que mantinha com o então presidente apenas uma “relação profissional”.
Os arquivos, obtidos pela coluna, fazem parte da quebra de sigilo telefônico de Vasques e foram enviados à CPI. O material mostrou também que o então diretor da PRF integrava a lista de transmissão de Bolsonaro no WhatsApp. Era por ali que Bolsonaro compartilhava mensagens com aliados, inclusive com teor golpista.
As imagens foram produzidas em 17 de março do ano passado, quando a então primeira-dama Michelle Bolsonaro ganhou uma farda personalizada da PRF e discursou no evento “1º Encontro de Mulheres PRFs”, organizado pela Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (Fenaprf).
Duas fotografias salvas no celular de Vasques mostram o policial ao lado de Michelle. Em uma foto, cumprimenta a ex-primeira-dama. Em outra, os dois posam com as mãos para trás, em uma postura militar.
Outra foto que estava na galeria do celular do ex-chefe da PRF traz apenas o casal Bolsonaro abraçado no Palácio da Alvorada. A imagem foi editada e compartilhada por Michelle nas redes sociais na época. “Ele disse que gostaria de ser multado por mim”, publicou a então primeira-dama.
Procurado, o advogado de Silvinei Vasques, Eduardo Pedro Nostrani Simão, afirmou: “Encontros de agentes públicos em órgãos públicos não dão o tom de envolvimento pessoal. Não existe amizade entre eles, mas presumível respeito. Tanto pelo que um fez na Presidência do Brasil quanto pelo que o outro fez pelo combate às drogas e pela segurança nas rodovias federais”.
No governo Bolsonaro, o então chefe da PRF era abertamente bolsonarista. Na véspera da eleição, foi às redes sociais pedir voto ao candidato à reeleição. Vasques é suspeito de favorecer Bolsonaro durante o segundo turno, e por isso foi preso no último dia 9.
A Polícia Federal afirmou ao STF que a cúpula da PRF tinha um mapa com municípios em que Lula teve mais de 75% dos votos no primeiro turno. A corporação liderada por Vasques fez muito mais fiscalizações de ônibus em cidades do Nordeste, reduto eleitoral petista. Essas medidas, que a Justiça Eleitoral havia vetado, atrasaram a votação de diversos eleitores na região.