Premier fascista da Itália quer barrar refugiados

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Foto: Antonio Masiello/AFP

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, disse nesta quarta-feira, 20, que não permitirá que seu país se torne “o campo de refugiados da Europa“. A declaração da política de extrema direita, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, ocorre depois da chegada de milhares de imigrantes à costa italiana na semana passada, que levou, inclusive, a França a reforçar os controles na sua fronteira com a nação vizinha. Meloni afirmou que o volume descomunal de desembarques em Lampedusa, uma pequena ilha na Sicília que costuma ser a primeira escala na travessia de pessoas do norte da África até a Europa, pelo Mar Mediterrâneo, colocou a Itália “ sob uma pressão inconcebível”. A ilha ganhou os holofotes na semana passada, quando registrou mais de 11 mil novos refugiados. Nesta terça-feira 19, quase 500 pessoas foram resgatadas por um navio de uma ONG e levadas para a comuna de Brindisi, na região de Apúlia. O número de chegadas na Itália neste ano ultrapassou as 127 mil até agora – mais que o dobro do mesmo período de 2022.

A maioria dos refugiados que chegam a Lampedusa são transferidos para centros de acolhimento, frequentemente superlotados, na Sicília. Na segunda-feira 18, centenas de pessoas escaparam de um abrigo em Porto Empedocle em busca de comida e para fazer uma nova tentativa de sair da ilha e chegar ao continente. Muitas pessoas tentam seguir para norte, até à fronteira com França, onde a polícia se empenha em tornar a passagem impenetrável. À medida que o número de chegadas aumentou em Lampedusa, o governo francês reforçou os controles sobre os comboios que circulam entre a cidade fronteiriça italiana de Ventimiglia e Cannes. Durante uma visita a Lampedusa no domingo 17, Meloni, que assumiu o poder em outubro passado prometendo acabar com a imigração ilegal, disse que “o futuro da Europa está em jogo” a menos que os membros da União Europeia trabalhem em conjunto para encontrar “soluções sérias” ao problema.

Meloni foi protagonista de um polêmico acordo de 105 milhões de libras entre o bloco europeu e a Tunísia, assinado em julho. O pacto, cujo objetivo é criar um “tampão” para conter a imigração irregular, já que o território tunisiano é ponto de partida para a grande maioria das pessoas que empreende na perigosa travessia até a Europa, porém, ainda não deu frutos. A União Europeia, até agora, não pagou a Tunísia, e o número de pessoas que atravessam a fronteira da Itália aumentou quase 70% desde a ratificação do texto. Na semana passada, um grupo de deputados da União Europeia foi barrado de entrar na Tunísia, renovando as preocupações sobre o compromisso do presidente tunisino, Kais Saied. Ele já declarou anteriormente que seu país não seria a guarda de fronteira da Europa. Além disso, no início desta semana, descobriu-se que os estados membros da União Europeia expressaram “incompreensão” sobre as circunstâncias que rodearam o pacto com a Tunísia. No entanto, as respectivas preocupações não vieram a público devido à sensibilidade política da questão.

A Itália e a União Europeia têm um acordo semelhante com a Líbia, cujos campos de refugiados estão rodeados de graves denúncias sobre violações dos direitos humanos, incluindo espancamentos e torturas. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, instou os estados membros do bloco a acolherem voluntariamente os imigrantes recém-chegados, para ajudar a aliviar o fardo que pesa sobre a Itália. Até agora, porém, nada foi divulgado. Na terça-feira, o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, disse que, embora a França esteja pronta para ajudar na deportação de imigrantes irregulares para os seus países de origem, “não acolherá” pessoas que cheguem a Lampedusa. Meloni criticou a política de redistribuição da União Europeia, dizendo no domingo que a imigração “nunca seria resolvida” dessa forma, e que o único caminho para lidar com a questão era “interromper as partidas” na fonte. Neste ano, até agora, mais de 2 mil pessoas morreram no Mediterrâneo Central enquanto tentavam fazer a travessia da África para a Europa, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM). No final de fevereiro, 98 pessoas morreram num naufrágio perto de uma praia na região da Calábria, no sul de Itália. Dois bebês morreram na semana passada durante uma travessia para Lampedusa.

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