Sem nome Bolsonaro, Michelle não é nada

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Com Jair Bolsonaro inelegível por oito anos após ser condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, o PL tem feito pesquisas internas para testar a viabilidade de uma eventual candidatura de Michelle Bolsonaro à Presidência da República.

Nessas sondagens, a principal constatação é a de que o maior ativo político de Michelle Bolsonaro são o sobrenome e a relação umbilical da ex-primeira-dama com o clã do ex-presidente da República.

Não que seja pouco para os integrantes do PL, mas não é suficiente para o partido embarcar numa candidatura da ex-primeira-dama logo de cara.

A constatação desses levantamentos internos é de Michelle ainda não tem uma “marca própria” ou liderança consolidada, com discurso que ressoe entre grupos que servem de sustentação para o bolsonarismo, como o agronegócio.

“Michelle representa o segmento evangélico e parte das mulheres, mas sem o nome do Bolsonaro, ela não é nada. Você já a viu defendendo o agro ou o porte de armas?”, resume um interlocutor do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.

Mesmo assim, a leitura na cúpula do PL é a de que a ex-primeira-dama é uma “boa opção” na corrida pelo Palácio do Planalto em 2026 – e tem chances de aumentar o seu capital político e crescer nas pesquisas se souber trabalhar bem a sua imagem.

Outra constatação desses levantamentos internos – que incluem tanto pesquisas quantitativas quanto qualitativas – é o de que, hoje, Michelle se encontra num patamar de popularidade similar ao do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e acima dos governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD) – estes últimos considerados políticos regionais, sem projeção fora dos seus currais eleitorais.

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Os aliados de Valdemar Costa Neto também estão seguros de que qualquer que seja o nome apoiado por Bolsonaro na corrida presidencial de 2026 já larga com 25%-30% nas pesquisas, herdando as intenções de voto que seriam do ex-presidente agora inelegível.

Conforme informou a colunista Bela Megale, do GLOBO, a postura de Michelle ao longo dos últimos meses tem incomodado os filhos de Bolsonaro e a cúpula do PL. Ela tem sido vista como uma política autocentrada, dedicada a um projeto próprio e que não dá o devido espaço ao marido, nem abraça as demandas de sua legenda.

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As pesquisas encomendadas pelo PL também mostram que Jair Bolsonaro sofreu abalos em sua popularidade, em meio aos desdobramentos das investigações do escândalo das joias sauditas e da confecção de uma minuta golpista para impedir a posse de Lula.

Mesmo assim, a leitura é a de que o impacto não é tão grande – uma queda de cinco pontos percentuais –, e nem de longe comparável à diminuição na popularidade de Lula no auge do escândalo do mensalão.

O Globo