As milícias diitais vão pegar você

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As milícias diitais vão pegar você

Eduardo Guimarães

Mas, afinal, o que diabos são milícias digitais? Veja, a pergunta não é QUEM criou as milícias digitais, mas O QUE são as milícias digitais. Sobre quem criou há muita controvérsia, mas costuma-se dizer que nasceram para fazer oposição ao Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) ou para eleger Donald Trump. Porém, este que escreve discorda.

Comecei a escrever artigos, análises e reportagens na internet desde que ela criou instrumentos para qualquer um postar qualquer coisa nela sem ser um programador. Fóruns de discussão em portais e, depois, criação de plataformas que facultavam a criação de blogs – o Blog da Cidadania (que edito) nasceu em 2005, no UOL, por exemplo.

Desde o nascedouro da internet, formaram-se grupos que definem o conceito de “milícias digitais”, ou seja, grupos de pressão que tentam encurralar quem pensa diferente através de “cancelamento” (linchamentos morais virtuais) ou até de ameaças virtuais e/ou físicas.

Claro que não são milícias digitais os grupos que “cancelam” quem cometeu crimes comprovados, como abusos contra mulheres ou crianças, por exemplo. Fora disso, quando uma opinião legítima expõe o autor a ataques em grupo para constranger o indivíduo a não externar sua opinião, isso é milicianismo digital.

“Ah, Eduardo, mas eu acho que tem que desmoralizar mesmo quem pensa…”. Vamos lá, complete a frase. Quem pensa o quê?

Você dizer que uma pessoa exercer sua sexualidade ou que a cor da pele desmerecem alguém ou que um gênero (em geral, o feminino) não tem competência para fazer isso ou aquilo ou que esse gênero é obrigado e se trajar desta ou daquela forma, tudo isso não é opinião, é preconceito – e preconceito costuma ser crime em grande parte dos casos, talvez menos do que deveria.

Mais recentemente, milícias digitais eram grupos dessa natureza que atacavam pessoas que discordavam de um certo ex-presidente por razões que é ocioso enumerar. Todavia, na verdade as milpicias digitais não se resumem (só) a isso.

Atualmente, há dezenas de temas sobre os quais as pessoas evitam se manifestar para não serem alvo de grupos organizados que atuam para “justiçar” quem pensa diferente, mesmo que a pessoa pense que não deve ter lado em algum assunto.

Ser obrigado a fazer profissão de fé sobre temas que dividem as sociedades em torcidas é uma forma de fascismo que lembra aquele famoso, no qual você era obrigado a dizer que apoiava um certo regime sob o risco de ser preso, torturado ou morto – ou tudo isso junto – se não se cedesse.

Hoje, todos estão arriscados a integrar um desses grupos sem perceber que estão integrando uma organização criminosa. Porém, todos também podem ter uma certeza: se essa praga da patrulha da opinião não for combatida, cedo ou tarde chegará a sua vez de experimentar as “delícias” da mania nazisfascista de querer impor adesão às pessoas.