STF convida ao golpismo

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STF convida ao golpismo

Eduardo Guimarães

O Brasil assiste ao nascimento de uma nova modalidade de golpe; após o modelo parlamentar aplicado a Dilma Rousseff à custa de uma balela de proporções paquidérmicas, vem aí o golpe intimidatório, que se baseia no medo dos golpeados de se defenderem preventivamente mesmo sabendo que o golpe virá.

Até a manifestação bolsonarista de 25 de fevereiro, desfechada em São Paulo, poder-se-ia contemporizar com a alegação atribuída ao Supremo de que seria mais prudente prender Bolsonaro por essa avalanche de provas que se amontoa sobre ele unicamente após o trânsito em julgado de processos que não durariam tanto porque seriam julgados na ultima e suprema instância do Judiciário. Porém, a partir daquela convocação tudo mudou.

Após a divulgação pela Polícia Federal de provas impressionantes como vídeos nos quais Bolsonaro e seus asseclas chegam a confessar a trama golpista, a convocação de uma manifestação como a daquele triste domingo na mais paulista das avenidas e o rosário de insultos ao STF e incitações ao crime que lá se viu mudaram tudo.

Antes de a afronta multitudinária se materializar, uma legião de juristas se perfilou para denunciar que Bolsonaro passara a atentar mais despudoramente contra a ordem pública ao incitar seus devotos a cometerem barbaridades como a daquele agente penitenciário que quase cometeu uma chacina em uma festa de aniversário aos gritos de “Aqui é Bolsonaro, porra!”. E que, por isso, sua prisão preventiva havia se tornado imperiosa.

Ato contínuo, Bolsonaro sobe no trio elétrio custeado por um vilipendiador da fé porra-louca dos tolos e, tal qual vetríloquo, o faz insultar os supremos tolerantes do STF até ficar sem voz. Tudo sob os aplausos públicos do mesmo ex-presidente que fora proibido pelo STF de insultá-lo naquele evento e que, como a chamar os ministros do Tribunal de palhaços, pôs um preposto para fazer a sua vez.

A partir dali, Bolsonaro passou a desafiar a suprema tolerância do Supremo com mais sofreguidão empreendendo uma fuga-teste para uma embaixada amiga sob desculpas tão esfarrapadas que para repeti-las só sendo um Bolsonaro mesmo, porque nenhum outro vivente teria coragem de ousar tanto.

Enquanto isso, o filho 03 e um integrante da brigada parlamentar bolsonarista dizem a um grande portal que “falta coragem ao Xandão”. A tese é a de que “Encarcerar Mauro Cid é uma coisa. Outra coisa bem diferente é prender Bolsonaro sem uma sentença. O barulho seria grande no Congresso e nas ruas”.

A seguir, segundo O Globo, “aliados de Jair Bolsonaro e até familiares do ex-presidente passaram a disseminar uma nova teoria sobre o caminho para a reversão da inelegibilidade do ex-presidente. Inconformados com a situação atual do capitão reformado, acreditam que o principal personagem do plano seria Donald Trump”.

Se voltar ao poder, o fascista ianque do cabelo ridículo liberaria a maioria de milicos inconformados para darem o golpe que queriam enquanto pressionaria empresários brasileiros a engrossarem o caldo golpista.

E como quando não nos damos ao respeito os outros também não o dão a nós, Elon Musk achou uma boa ideia chacoalhar o Poder Judiciário brasileiro com um nível de insolência que soa inacrecreditável e que jamais foi visto igual em uma história tão farta de absurdos quanto é a deste triste país, onde você prende por 580 dias um ex-operário por “provas indiciárias” e “domínio do fato” e não prende um milico fanfarrão nem com todas as provas do universo.

O Supremo, com leniência de tal magnitude, faz um convite insistente ao golpismo, quase que uma exigência de que o fascismo verde-oliva-amarelo envie um cabo e um soldado para fecharem um Tribunal que é um tigrão com o povo e uma tchutchuca com ricaços, milicos e suas crias despudoradas e insolentes.

Haja paciência!