Bolsonaro insinua repressão a protestos
Foto: Marcelo Régua / Agência O Globo
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta sexta-feira, em uma cerimônia militar em Três Corações, Minas Gerais que os integrantes das Forças Armadas estão dispostos a dar suas vidas para defender a democracia e a liberdade como já fizeram no passado. Disse também que o Brasil só estará satisfeito quando todos os países da América do Sul estiverem vivendo ambientes de democracia e liberdade.
Em uma cerimônia de formatura de sargentos combatentes na Escola de Sargento das Armas, Bolsonaro lembrou um dos militares brasileiros mortos na Segunda Guerra Mundial e tomou-o como exemplo para os novatos.
— No passado nós lutamos por democracia e pela liberdade e no futuro, se preciso for, daremos a nossa vida para que essa democracia e a liberdade nunca deixem de existir entre nós — disse ele.
O presidente não concedeu entrevistas durante o evento, mas comentou, rapidamente, com uma repórter no local que sentia que sua vinda ao Estado era como uma volta à terra natal.
No tumulto da saída de Bolsonaro da cerimônia, o Valor perguntou como ele viu a decisão do Supremo Tribunal Federal ( STF ) que autoriza o compartilhamento de dados dos órgãos de controle com Ministério Público ( MP ) para investigação sem a autorização prévea da Justiça. O presidente não respondeu.
Com a autorização do compartilhamento, a Corte abre caminho para a retomada dos processos contra o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro.
Ainda durante o evento, o presidente falou sobre a situação de crise política da América do Sul, onde nas últimas semanas manifestações e confrontos tomaram as ruas da Bolívia, Chile, Colômbia e Equador. Bolsonaro não citou nenhum país.
— A América do Sul, alguns países, vive momento de crise, mas nós venceremos tudo isso pela gratidão, pelo sentimento de irmandade que existe entre nós da América do Sul — afirmou ele — Nós, brasileiros, só estaremos felizes quando todos os países da América do Sul e o seu povo também gozar de liberdade e democracia — disse.
Em um pronunciamento curto, Bolsonaro disse que todos devem procurar “aquilo que a pátria precisa” e defendeu seus 11 meses de gestão dizendo que o país está, sob seu governo, mais livre e democrático.
— Nosso governo tem feito a sua parte. Em alguns momentos pedimos sacrifício à população, mas, como regra, todos podem sentir que o Brasil respira novos ares, ares de democracia e de liberdade e de trabalho acima de tudo — declarou.
Bolsonaro chegou pouco antes das 11h à cerimônia e foi recebido com gritos de “mito” – por parte de familiares e convidados dos novos sargentos – e por uma salva de tiros.
Em um momento de maior aproximação com o público, Bolsonaro, de cima do palanque, pegou celulares de alguns dos parentes dos formandos para tirar selfies e segurou uma criança no colo diante das câmeras.
Ele estava acompanhado do ministro da Defesa, o general Fernando Azevedo e Silva, do chefe de Gabinete Institucional, general Augusto Heleno governador de Minas, do Romeu Zema (Novo), entre outras autoridades.
Bolsoanro saiu da escola de sargentos em um helicóptero pouco depois 13h.