Polarização e eleições dificultarão relação de Bolsonaro com o Congresso

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De acordo com o professor de professor de resolução de conflitos e mediador, Marcelo Girade, para se medir o sucesso de uma negociação é necessário verificar se os interesses de todas as partes foram atendidos. No caso da Reforma da Previdência, o resultado foi bem-sucedido, já que nenhuma outra possibilidade se mostrou tão vantajosa para o país e para os parlamentares quanto ao texto final aprovado. “Dentro do possível e do razoável, todos saímos ganhando com a redução da pressão sobre a política e a economia com o avanço nessa área”, diz.

O especialista explica que as concessões feitas durante a aprovação da reforma foram baseadas em critérios objetivos que atendiam sobretudo ao interesse maior da nação de destravar uma pauta tão importante. Entretanto, é necessário tomar cuidado com a polarização. “É uma armadilha para os dois lados por um aspecto muito simples: o longo-prazo. Se os relacionamentos forem de longo-prazo, como é o caso do governo com o Congresso e os demais atores, é preciso evitar estratégias competitivas de negociação”, garante.

Girade também acredita que o governo precisa conseguir chegar a um denominador comum sobre qual a agenda que não pode ser deixada de lado para o país retomar seu crescimento de forma sustentável. Os méritos dos avanços devem ser vistos como um esforço coletivo e não apenas do governo.

Com as eleições municipais de 2020, isso pode ser um verdadeiro desafio já que o ano que vem também será marcado com a necessidade de aprovação de reformas fiscais. O governo terá janela curta para as aprovações, visto que, os parlamentares voltarão suas atenções para as campanhas eleitorais e aumentarão ainda mais as pressões pela liberação de verbas que assegurem votos nos estados.

Outros fatores externos também poderão influenciar nas negociações para o ano que vem. De acordo com professor em Resolução de Conflitos, quanto maior o interesse de fora, maior a complexidade da negociação.

“As negociações dentro e fora do governo são feitas por pessoas que representam os interesses de terceiros. Ser capaz de explicar a tomada de decisão feita em uma negociação para o seu público constituinte é decisivo no comportamento de um negociador e no rumo que uma negociação assume. Esse é o caso das chamadas medidas impopulares, por exemplo. Decisões que precisam ser tomadas para gerar resultados positivos para a sociedade no futuro, mas, que no presente são vistas como nocivas. Muitas negociações acabam limitadas por esse receio” conclui Marcelo Girade.