Erdogan e Putin insistem que EUA e Irã ajam “com moderação”

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Foto: Ozan Kose/AFP

Em um encontro na Turquia nesta quarta-feira, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e o presidente russo, Vladimir Putin, pediram um cessar-fogo na Líbia a partir da meia-noite de domingo, segundo o chefe da diplomacia turca.

— Nosso presidente Recep Tayyip Erdogan e o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, lançam hoje um chamado de cessar-fogo a partir de 12 de janeiro, à meia-noite; ou seja, na noite de sábado para domingo — disse o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, em uma entrevista coletiva na capital.

Em um comunicado conjunto, os dois líderes também instaram os Estados Unidos e o Irã a “atuarem com moderação”, após tensões depois do assassinato do general Qasem Soleimani por mísseis americanos. Na noite de terça-feira, o Irã respondeu com um ataque contra bases que abrigam militares americanos no Iraque.

“Afirmamos nosso compromisso de reduzir tensões na região e instamos todas as partes a atuarem com moderação e com senso comum e a darem prioridade à diplomacia”, declararam no documento.

O conflito na Líbia vem se desenrolando de tal maneira que forças militares ou paramilitares da Turquia e da Rússia poderão, em breve, se ver diretamente presentes no território do país, assim como ocorre na Síria.

De um lado, os mercenários russos apoiam o general Khalifa Hafta, líder do Exército Nacional da Líbia, milícia que controla o Leste e o Sul do país. Erdogan, por sua vez, vem estreitando seus laços com o Governo de Unidade Nacional (GNA, na sigla em inglês), que controla Trípoli e Misurata. Nenhuma das partes do conflito tem poder militar para vencer a outra, mas a ajuda direta de Moscou ou Ancara pode inverter o jogo.

Na semana passada, o Parlamento da Turquia, de maioria governista, aprovou uma lei que permite que o governo envie tropas à Líbia.

A Líbia enfrenta um cenário de caos desde 2011, quando, no contexto da Primavera Árabe, uma força internacional sob a liderança dos Estados Unidos e da França interveio no país em apoio a uma revolta contra o ditador Muamar Kadafi. Com a derrubada de Kadafi, a Líbia ficou fragmentada entre dezenas de milícias. Em 2015, em negociações mediadas pela ONU, foi formado o GNA, mas seu controle do território líbio vem sendo desafiado por Haftar, um ex-general que rompeu com Kadafi em 1987, trabalhou para a CIA e em 2011 foi um dos dirigentes da rebelião contra o ditador.

Nesta quarta-feira, os dois presidentes também inauguraram um novo gasoduto que conecta a Rússia à Europa. Durante a cerimônia, Erdogan classificou a abertura como “um acontecimento histórico para as relações turco-russas e para o maga energético regional”. Segundo Putin, a “associação entre Rússia e Turquia se reforça em todos os âmbitos, apesar dos esforços dos que se opõem”.

Com este novo gasoduto, a Turquia garante o suprimento de energia de suas grandes cidades do oeste e se impõe, um pouco mais, como um importante ponto de convergência energética. Por sua vez, a Rússia procura suprir o sul e o sudeste da Europa. O TurkStream começou a abastecer a Bulgária, fronteiriço à Turquia, na semana passada, e está sendo ampliado em direção à Sérvia e à Hungria.

Putin chegou à Turquia na noite de terça-feira, depois de uma visita à Síria, onde se encontrou com o presidente Bashar al-Assad.

O Globo