Golpistas bolivianos abrem investigação contra 600 aliados de Evo
O governo de transição da Bolívia anunciou que vai investigar cerca de 600 autoridades do governo do ex-presidente Evo Morales por suspeita de corrupção, informou o Ministério da Justiça nesta quarta-feira.
O funcionário informou que as investigações estão abertas contra ex-autoridades “atualmente refugiadas no exterior”. Mathías Kutsch, diretor de Anticorrupção do Ministério da Justiça, disse que o órgão decidiu “iniciar investigações contra 592 ex-autoridades do órgão executivo do governo anterior”.
Embora não tenha especificado os nomes dos investigados, ele disse que trabalhavam durante a Presidência de Morales. O próprio ex-presidente, seu vice-presidente Álvaro García, seus ministros, vice-ministros, chefes de gabinete e pessoal de confiança da administração pública devem ser investigados.
O Executivo interino assumiu o cargo, de modo controverso, em 13 de novembro passado, após a renúncia de Morales três dias antes, sob pressão de militares e um movimento contra sua vitória nas eleições de outubro, marcada por acusações de fraude.
Desde então, o governo interino, comandado por Jeanine Áñez, tem promovido diversas ações judiciais contra o ex-presidente e membros de seu governo, em uma campanha que seus opositores denunciam como “uma caça às bruxas”.
Kutsch disse em uma entrevista coletiva que a investigação é “identificar quem são as pessoas que cometeram crimes de corrupção, que desviaram recursos públicos e, principalmente, desviaram-no para outros países”.
Morales, seu ex-vice-presidente García, vários membros de seu governo e ex-executivos de empresas estatais estão fora do país, e um pequeno grupo, de cerca de 10 pessoas, está isolado na residência do representante diplomático mexicano em La Paz.
Também nesta quarta-feira, o governo transitório ativou uma “ordem de urgência internacional” junto à Interpol, para impedir a participação de Morales em um fórum de direitos humanos no Chile. Na terça-feira, o senador conservador chileno Iván Moreira (União Democrática Independente) escreveu no Twitter que Morales tinha participação prevista em um fórum de direitos humanos no Chile junto de seu advogado, o ex-juiz espanhol Baltazar Garzón. O senador disse que pediu ao presidente chileno, Sebastián Piñera, “persona non grata”.
Nesta quarta-feira, procurador-geral do Estado da Bolívia, Juan Lanchipa, acaba de enviar uma nota ao Ministério das Relações Exteriores da Espanha em que pedem uma explicação da da presença da equipe do Grupo Especial de Operações (GEO), tropa de elite da polícia, no território boliviano.
O pedido da Procuradoria da Bolívia também pede que o vice-premier espanhol Pablo Iglesias explique seus vínculos com Evo Morales.