Trump cede e se diz aberto a negociar com o Irã
Foto: Evan Vucci/AP
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na noite de domingo 12 que está aberto a negociar um novo acordo nuclear com o Irã, mas que o primeiro passo depende do Irã. Sua única condição, conforme deixo claro, é: “sem armas nucleares”, que já era o objetivo do acordo anterior assinado pelo seu antecessor, Barack Obama, em 2015.
“Na verdade, eu gostaria que eles negociassem. Depende totalmente deles, mas sem armas nucleares”, afirmou Trump pelo Twitter.
O acordo proposto por Trump substituiria o texto de 2015, chancelado também pelo Reino Unido, Alemanha, França, Rússia e China. Esse acordo, do qual os Estados Unidos se retiraram em 2018 por considerá-lo insuficiente, permitiu a supervisão do programa nuclear iraniano e limites ao enriquecimento de urânio para garantir que não houvesse o desenvolvimento de armas nucleares. Em troca, Washington retirou parte das sanções econômicas sobre o Irã.
National Security Adviser suggested today that sanctions & protests have Iran “choked off”, will force them to negotiate. Actually, I couldn’t care less if they negotiate. Will be totally up to them but, no nuclear weapons and “don’t kill your protesters.”
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) January 12, 2020
O secretário de Defesa, Mark Esper, já havia adiantado a posição da Casa Branca no domingo, mas sem a condição imposta por Trump, em entrevista à rede de televisão CBS News. Esper disse o governo está pronto para discutir com os líderes de Teerã, “sem pré-condições, um novo caminho, uma série de medidas que tornariam o Irã um país mais normal”.
Trump saiu unilateralmente do acordo em 2018 e reviveu as restrição econômicas pré-acordo. Pouco tempo depois, instituiu novas. Teerã não ficou quieto. Em um dos primeiros sinais de uma escalada que poderia levar ao conflito aberto, a Guarda Revolucionária Iraniana (GRI) abateu um drone americano no Golfo Pérsico, em junho de 2019. Washington por pouco não respondeu ao país persa com seu poderio militar, recuando no último minuto.
Em setembro, as refinarias Aramco, estatal de petróleo da Arábia Saudita, foram atacadas fazendo o preço do óleo disparar. O Irã negou ter tomado parte na ação, e os rebeldes houthis, aliados de Teerã no Iêmen, assumiram a autoria. Por isso, os Estados Unidos e os sauditas acusam o Irã.
Neste meio tempo, o Irã vem deixando de cumprir gradualmente os compromissos do texto de 2015, mas sem sair totalmente do acordo, como os Estados Unidos fizeram. Para renegociar o acordo, o governo iraniano coloca como condição a retirada de todas as sanções contra a economia do país.
A declaração de Trump segue a semana de escalada de tensões no Oriente Médio quase levando Teerã e Washington à guerra aberta. Em pouco mais de uma semana, o número dois do regime e comandante da força de elite da GRI, Qasem Soleimani, foi morto após uma ataque deliberado dos Estados Unidos e a base que abriga tropas americanas no Iraque atacada por mísseis balísticos iranianas.