Bolsonaro deve discriminar turismo de indianos
Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
Apesar de o presidente Jair Bolsonaro já ter manifestado diversas vezes a vontade de anunciar a isenção para turistas da Índia durante a viagem ao país no final deste mês, o mais provável, segundo integrantes do governo, é que na ocasião ele comunique apenas que indianos terão o acesso facilitado ao Brasil por meio do visto eletrônico.
Bolsonaro embarca no próximo dia 23 para a Índia, onde participará das comemorações do Dia da República, no dia 26. A chegada dele de volta ao Brasil está programada para o dia 28.
O visto eletrônico permite que a autorização para a entrada no país seja feita pela internet, sem necessidade de ir pessoalmente aos consulados brasileiros. Essa facilitação é considerada um passo anterior à isenção total de visto.
Há pelo menos seis meses técnicos do Itamaraty e do Ministério do Turismo estudam a facilitação do visto para Índia e também para a China. Apesar de Bolsonaro ter falado em abolir para os dois países a exigência do documento, os estudos preliminares já indicavam o risco imigratório nesses casos.
Procurado, o Itamaraty informou que “estão sendo estudadas medidas para facilitar e agilizar viagens entre Brasil e Índia, do ponto de vista consular.”
A promessa de Bolsonaro é motivada pelos resultados do aumento de turistas no Brasil após a isenção de vistos para americanos, canadenses, australianos e japoneses.
De acordo com um levantamento feito pelo Grupo Amadeus, especializado em viagens, e divulgado pelo Ministério do Turismo, o número de viagens reservadas para os dez primeiros meses de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019, aumentou para turistas dos quatro países. O Canadá teve105% de aumento de reservas, seguido da Austrália com 62%; Japão 41%; e Estados Unidos com 22%.
Antes de o governo Bolsonaro abrir mão da exigência do visto brasileiro para turistas dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão, cidadãos dos quatro países passaram a emitir a permissão de entrada no Brasil pela internet.
Os australianos foram os primeiros a utilizar o visto eletrônico, em novembro de 2017. Em janeiro de 2018, a modalidade de autorização se estendeu para americanos, canadenses e japoneses. Em junho de 2019 caiu a obrigatoriedade do visto.
Segundo informações do Ministério do Turismo, o visto eletrônico, além de simplificar os trâmites burocráticos, diminui os custos para a emissão da autorização da entrada. Enquanto esteve em vigor para aqueles quatro países, o valor passou de US$ 160 para US$ 40. No modelo tradicional, o turista esperava, em média, 30 dias para ter a sua permissão para visitar o Brasil. No processo eletrônico, a média passou para cinco dias.
Durante viagem à China em outubro, Bolsonaro falou da intenção de extinguir a obrigatoriedade de visto para aquele país e também para a Índia. Em novembro, em discurso na Cúpula dos Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), Bolsonaro citou a isenção de vistos como uma sinalização de abertura. Segundo ele, a medida possibilita que “homens venham fazer turismo e negócios” no Brasil.
Em transmissão ao vivo na internet na última quinta-feira, o presidente disse que, durante viagem Índia, “talvez já tenha condições de isentar vistos para os indianos.”