Aumento de preços castiga os mais pobres
Foto: Daniel Wainstein/Valor
A alta nos preços dos alimentos no domicílio em dezembro (4,69%) pressionou mais a inflação percebida pelas famílias mais pobres, informou há pouco o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda mostra que a cesta de consumo das famílias de renda muito baixa – inferior a R$ 1.643,78 mensal – avançou 1,19% no último mês do ano. Nas famílias mais ricas, com rendimentos superiores a R$ 16.442,40 mensais, a inflação avançou 0,99% em dezembro do ano passado.
Com isso, a inflação acumulada em 2019 entre os segmentos mais pobres subiu 4,4% – enquanto os mais ricos experimentaram uma inflação de 4,2%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação apurado pelo IBGE, ficou em 1,15% em dezembro e em 4,31% em 2019.
Ao detalhar a evolução de preços em dezembro, os pesquisadores do Ipea informaram que, somente o aumento no preços dos alimentos “explica 97% de toda a variação de preços ocorrida na classe de renda muito baixa”. O principal motivo foram as carnes mais caras, que ficou 18,1% mais cara em dezembro. Outros aumentos ocorreram em tubérculos (6,4%), cereais (5,73%) e aves e ovos (4,48%).
O Ipea observou que o índice manteve o comportamento dos últimos dois anos: a inflação para os mais pobres tem se posicionado “ligeiramente superior” àquela observada nas classes de maior poder aquisitivo.
No entanto, entre 2017 e 2019, na comparação dentro de cada faixa de renda, a alta acumulada nos preços foi bem superior entre os de renda muito baixa, saltando de 2,2 pontos percentuais, de 2,2% para 4,4% em dois anos. Para o estrato mais rico, o avanço foi de apenas 0,5 ponto percentual.
Em contrapartida, a queda de 4,24% do preço da energia elétrica ajudou a diminuir, em parte, o avanço inflacionário em todas as faixas de renda pesquisadas pelo instituto.
Ainda de acordo com o Ipea, entre as famílias mais ricas em dezembro de 2019, o que mais pesou no orçamento foi a alta de 1,54% no preço dos transportes. Os itens responsáveis por essa alta foram as passagens aéreas, reajustadas em 15,6% no mês, além dos combustíveis (3,57%).