Glenn diz que Vaza Jato não vai parar
Foto: Sérgio Lima/Poder360
Denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal de Brasília mesmo sem ter sido investigado ou indiciado, o jornalista e fundador do site “The Intercept Brasil”, Glenn Greenwald, afirmou que é alvo de uma retaliação do governo Jair Bolsonaro. Para Glenn, a denúncia contra ele é um ataque à liberdade de imprensa, ao Supremo Tribunal Federal, à Polícia Federal e à democracia brasileira.
“Não seremos intimidados pelo abuso do aparato do Estado nem pelo governo Bolsonaro”, afirmou o jornalista pelo Twitter. Em vídeo, Glenn disse que o procurador que o denunciou está agindo politicamente. “O procurador que levou essa denúncia é o mesmo procurador que tentou criminalizar o Felipe Santa Cruz por criticar Sergio Moro”, afirmou, em referência ao presidente nacional da OAB. “Obviamente ele está abusando de seu cargo para atacar inimigos políticos.”
Na denúncia, o procurador Wellington Divino Marques de Oliveira, do MPF-DF, disse que Glenn “auxiliou, incentivou e orientou, de maneira direta” os hackers a invadirem celulares de autoridades. O jornalista foi um dos sete denunciados no âmbito da Operação Spoofing.
Em resposta, Glenn afirmou que a própria Polícia Federal, sob o comando do ministro da Justiça, Sergio Moro, “fez uma investigação completa e concluiu com clareza” que ele não cometeu nenhum crime. “Muito pelo contrário. Eu disse para Polícia Federal que sempre fiz meu trabalho como jornalista com muita cautela e profissionalismo.”
“É um ataque contra a imprensa livre, obviamente contra a nossa reportagem, mas também contra a Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal, que disse que eu não posso ser investigado, muito menos denunciado pela minha reportagem porque é uma violação do direito constitucional de uma imprensa livre”, disse Glenn. “É obviamente retaliação pelo governo Bolsonaro. Nunca vamos ser intimidados”.
O site “The Intercept Brasil” divulgou reportagens revelando diálogos que colocaram em xeque a imparcialidade de Moro, ex-juiz da Lava-Jato. Diálogos interceptados no Telegram de procuradores, entre eles o coordenador da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, também foram publicados.
Em nota, o site negou irregularidades e reiterou que a denúncia ameaça a liberdade de imprensa. “Os diálogos utilizados pelo MPF na denúncia são rigorosamente os mesmos que já haviam sido analisados pela Polícia Federal durante a Operação Spoofing, e acerca dos quais a PF não imputou qualquer conduta criminosa a Glenn”, disse. “ Causa perplexidade que o MPF se preste a um papel claramente político, na contramão do inquérito da própria Polícia Federal”, disse. “Vemos nessa ação uma tentativa de criminalizar não somente o nosso trabalho, mas de todo o jornalismo brasileiro. Não existe democracia sem jornalismo crítico e livre.”
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) disseram em nota que a denúncia viola a liberdade de imprensa.