Protestos contra Piñera voltam a acontecer no Chile

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Foto: Martin Bernetti/AFP

O fim de semana de carnaval foi marcado no Chile não por festa, mas pela volta de protestos sociais e enfrentamentos com forças de segurança tanto nas ruas de Santiago quanto de outras cidades. O presidente Sebastián Piñera voltou a apelar, nesta segunda-feira, pelo fim dos conflitos. Autoridades temem que os confrontos se agravem em março, quando não apenas terminam as férias de verão de muitos chilenos, como também estão previstas manifestações para marcar os dois anos de Piñera no poder, no próximo dia 11.

Para março está prevista ainda uma greve de dois dias, convocada por movimentos feministas. Desde a última sexta-feira, manifestantes têm enfrentado a polícia na Praça Itália, em Santiago, epicentro da violenta onda protestos iniciada em outubro passado, que deixou 31 mortos, milhares de presos e grandes perdas na economia, motivadas, principalmente, pela apreensão de investidores com a estabilidade do país.

As manifestações tiveram como estopim um aumento nas passagens do metrô de Santiago, mas se ampliaram devido à insatisfação com o governo Piñera, reivindicando melhorias nos sistemas de aposentadoria, educação e saúde e ações concretas contra a desigualdade.

Analistas acreditam que não haverá trégua entre manifestantes e o governo pelo menos até 26 de abril, data do referendo para decidir se o país deve elaborar uma nova Constituição. A atual é do tempo da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

“O descontentamento público continua grande, apesar dos anúncios do governo de maiores gastos públicos e do processo para redigir uma nova Constituição. A desconfiança da população com a classe política é generalizada”, disse um informe do Grupo Eurasia, uma consultoria especializada em risco político. Piñera, nesta segunda-feira, criticou as manifestações:

— Recuperar a ordem pública é a prioridade número um, porque a violência é um atentado contra a democracia e os direitos humanos. Por isso, o país precisa com urgência de um grande acordo nacional contra a violência e a defesa de democracia — declarou o presidente, em reunião do Gabinete.

Mas a violência eclodiu de norte a sul do país. Num dos protestos mais violentos, manifestantes queimaram carros e apedrejaram um hotel durante a abertura do festival de música de Viña del Mar. Mais de 20 pessoas foram presas e cerca de 30 policiais ficaram feridos. Na vizinha Valparaíso, um monumento militar foi atacado.

O Globo