Oito partidos lançam movimento contra Bolsonaro

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Foto: Jorge William/Agência O Globo

Oito partidos que se opõem ao governo Jair Bolsonaro deram ontem um passo em direção à unidade, em um movimento inédito desde as eleições presenciais de 2018. PT, PSB, PDT, Psol, PCdoB, Rede, PV e o recém-criado Unidade Popular lançaram nota conjunta em que anunciam esforços para tentar barrar o que entendem como atitudes de “afronta” de Bolsonaro à democracia. Os partidos se comprometeram a participar de três protestos em março e a unir esforços no Congresso Nacional.

No mesmo dia, dirigentes das seis maiores centrais sindicais do país se reuniram na capital paulista para anunciar que estarão juntas em protestos de rua contra Bolsonaro no dia 18. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), um dos líderes da articulação de esquerda, palestrou no evento.

“O presidente da República estimula ataques contra as instituições da democracia”, afirmou Dino no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, lotado por cerca de 500 pessoas. O político ficou por 40 minutos no salão, após o fim do evento, para tirar fotos e gravar vídeos com quem pedia.

“O que está em questão [para Bolsonaro] não é a correção de rumo dos Poderes Legislativo e Judiciário, mas a ideia de que o presidente deve governar sozinho, para ele e para a sua família”, disse o governador. À mesa ao lado de Dino dois líderes sindicais defenderam a interrupção do mandato de Jair Bolsonaro. Ao Valor, Dino disse depois discordar dessa tese.

Ubiraci Dantas de Oliveira, presidente da CGTB, discursou: “Tem gente que quer deixar Bolsonaro sangrar até 2022 para depois ganhar a eleição. Só que quem tá sangrando é o povo.” Em seguida, Luiz Gonçalves, presidente da Nova Central disse: “Estamos com as ferramentas todas para fazer um grande movimento para pedir o fim desse governo. Já derrubamos outros governos antes.”

O governador maranhense, porém, disse não ver, no momento, motivos para o impeachment. “Não há condições de debatermos o impeachment ou algo desse tipo nesse momento”, respondeu Dino à reportagem depois de deixar o palco. “Não estou entre aqueles que defendem o impeachment.” Para ele, “mais importante é a defesa do regime democrático”.

A proposta de Dino, que começa a ganhar contornos com a nota dos partidos de oposição, é consolidar uma frente ampla. O governador vai ser o anfitrião de um encontro em São Luís, no dia 30, do movimento “Direitos Já”, que pretende unir partidos e movimentos sociais em defesa da Constituição e da democracia. “Você precisa criar espaços de diálogo, diminuir tensões e tornar possível a tarefa de defender a democracia contra os retrocessos”, explicou.

Ainda que diferencie a frente ampla de alianças eleitorais, o maranhense reconhece que a unidade agora pode favorecer parcerias na disputa presidencial de 2022.

“A democracia política plena no Brasil hoje vive uma ameaça. Temos uma tentativa de união de corpos armados militares e milicianos, sem controle”, disse Dino. “O Ceará é uma luz amarela [de alerta] poderosa, a mostrar o que acontece quando um presidente da República alimenta um motim contra a constitucionalidade”, afirmou o governador.

Valor Econômico