Ministério da Saúde passa a ocultar número de mortos
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
O perfil oficial do Ministério da Saúde no Twitter mudou, logo após a saída do ministro Nelson Teich, a forma de informar o quadro geral da pandemia do coronavírus no país. As postagens diárias passaram a trazer uma arte feita pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) com o título “Placar da vida”, que disponibiliza dados sobre “infectados com coronavírus”, “brasileiros salvos” e “em recuperação”, e omite, portanto, os dados sobre mortes. A alteração se repetiu no Instagram do ministério.
A mudança no padrão das postagens ocorre desde o dia 18 de maio – Teich pediu demissão na sexta-feira, dia 15, após desavenças com o presidente Jair Bolsonaro em torno do combate à doença. O primeiro balanço omitido foi justamente o que trouxe o recorde de 1.179 mortes notificadas, na terça-feira 19. Antes o perfil oficial do ministério publicava o quadro completo da situação epidemiológica no país, com detalhes sobre casos e óbitos confirmados em cada estado, assim como os números de mortes registrados no dia. O boletim completo continua sendo disponibilizado no site da pasta.
O @minsaude atualiza a situação do #coronavírus no Brasil – 18/05
▶️254.220 casos confirmados
▶️136.969 em acompanhamento
▶️100.459 recuperados
▶️16.792 óbitos
⏺️188 óbitos nos últimos 3 dias
▶️2.277 óbitos em investigação
Saiba mais: https://t.co/fIH1TRftNx #COVID19 pic.twitter.com/FiC6CRO7IK— Ministério da Saúde (@minsaude) May 18, 2020
A luta contra o #coronavírus continua. Até 19h desta quarta-feira (20), foram registrados 116.683 brasileiros curados da #Covid19 e 156.037 casos em tratamento. Acesse o Painel Coronavírus e confira o balanço completo da situação da #covid19 no Brasil: https://t.co/LoLV1dKRLx https://t.co/t6IzWZXgjn
— Ministério da Saúde (@minsaude) May 21, 2020
Junto com as informações, há a hashtag “ninguém fica para trás”, lema clássico das Forças Armadas. Desde a saída do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, cargos estratégicos do órgão vêm sendo ocupados por militares indicados pelo agora ministro interino, o general Eduardo Pazuello.
O ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Braga Netto, e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, general Luiz Eduardo Ramos, reclamaram em diversas ocasiões da atenção exagerada, segundo eles, que a imprensa concede aos óbitos na cobertura da pandemia.
Na terça-feira 19, o país ultrapassou pela primeira vez a marca de mil mortes registradas em um único dia (foram 1.179). Até esta quarta-feira, haviam sido contabilizados 18.859 óbitos e mais de 290.000 casos confirmados, segundo o Ministério da Saúde.