Marqueteiros de Russomanno discordam de suas “bolsonarices”
Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo
A queda nas pesquisas e a proximidade da eleição acentuam as divergências na campanha do candidato a prefeito de São Paulo Celso Russomanno, do Republicanos. Os atritos começam pela guinada do deputado ao discurso “ideológico” de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, deixando em lados opostos no grupo aliados do Planalto e estrategistas da campanha.
Nos últimos dias, Russomanno fez gestos de aproximação à ala ideológica de apoiadores de Bolsonaro. O candidato compartilhou postagens dos deputados estaduais Gil Diniz e Douglas Garcia, ambos do PSL, e fez acenos a blogueiros e influenciadores como Allan dos Santos e Kim Paim.
Santos foi alvo de buscas da Polícia Federal no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura o financiamento de grupos suspeitos da prática de atos antidemocráticos. Paim já propagou a teoria falsa de que o coronavírus foi criado em laboratório chinês.
Segundo aliados de Russomanno, o candidato chegou a fazer postagens à revelia da comunicação da campanha que preferia adotar “distância segura” dos simpatizantes radicais do presidente. Eles atribuem essa ação à influência do secretário executivo do Ministério das Comunicações, Fábio Wanjgarten. Este, por sua vez, teria cobrado internamente mais empenho da campanha nas redes sociais.
Embora ninguém fale do tema publicamente, o time da comunicação interna avalia que o radicalismo desses simpatizantes do presidente pode trazer prejuízos a Russomanno e defende que essa tendência seja suavizada sob risco de atrair mais rejeição à candidatura. Segundo a pesquisa mais recente do Ibope, 38% dos eleitores dizem que não votariam em Russomanno de jeito algum.
Estrategistas de Russomanno defendem ainda que o candidato seja menos reativo nas entrevistas à imprensa, mas dizem que ele é resistente e “muito machucado” das campanhas anteriores de 2016 e 2012, quando largou na frente, sofreu ataques e não chegou ao segundo turno.
O enfrentamento com a imprensa é uma das marcas do presidente Bolsonaro. Nas últimas semanas, Russomanno endureceu o tom e acusou jornalistas de distorcerem suas palavras no episódio em que o candidato afirmou que moradores de rua eram imunes à Covid-19 porque não tomavam banho. No início da pandemia, Bolsonaro minimizou a doença e disse que “o brasileiro pula no esgoto e não acontece nada”.
A declaração sobre os moradores de rua foi considerada um desastre por aliados, mas Russomanno não recuou e passou a dizer que a imprensa propagava fake news. Ontem, ele voltou a insistir no argumento em evento da Associação Paulista de Imprensa.
Outro tema que expõe a diferença de visões entre a campanha e o Planalto é a vacina contra a Covid-19 produzida pelo Instituto Butantan em parceria com um laboratório chinês. Na semana passada, Russomanno chegou a dizer que, se eleito, faria convênio com o Butantan para a compra do imunizante e que tomaria uma dose.
A declaração veio um dia após o candidato cair 7% na pesquisa Datafolha e foi avaliada como uma forma de demarcar diferenças em relação a Bolsonaro. O presidente havia dito um dia antes que não compraria a vacina nem mesmo se a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizasse.
Apoiadores do presidente que associam a vacina ao governador João Doria (PSDB), aliado do prefeito Bruno Covas (PSDB), candidato à reeleição, também não gostaram do posicionamento de Russomanno.
O candidato, então, voltou ontem ao assunto e disse que se a vacina do Butantan é “tão boa assim, deveria começar a ser aplicada antes na China”, e afirmou que não quer que a população seja “cobaia”. A declaração está em sintonia com o tom de apoiadores do presidente que costumam se referir ao imunizante como “vacina chinesa”.
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