Derrota de Trump custará caro a Bolsonaro
Foto: Carlos Barria/Reuters
As razões pelas quais investidores estrangeiros comemoram a chance de eleição de um presidente democrata nos Estados Unidos sob um Senado republicano são inversamente proporcionais ao alerta que se acende sobre o governo Jair Bolsonaro.
Lá, a aposta é de que o Senado, comandado pelo obstrutor-mor do partido Republicano, Mitchell McConnell, não permita que Joe Biden, se efetivamente eleito, cumpra promessas de campanha expandindo o pacote de estímulos da pandemia e aumentando impostos dos mais ricos.
Se o cenário nos Estados Unidos sugere contenção fiscal, no Brasil a aposta é de expansão. Menos pelos arranjos que podem vir a ser necessários no ministério e mais pelo que virá do Congresso.
A eventual derrota de Donald Trump deixa Bolsonaro mais isolado externamente, especialmente na temática ambiental. A narrativa de combate a este isolamento pode ganhar, por exemplo, com a mudança de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente para o do Turismo.
Desde que tomou posse, Salles se mostrou mais focado em pautas correlatas com o turismo do que com a proteção florestal. A revogação do decreto de proteção de manguezais e restingas, suspensa pelo Supremo na semana passada, é um exemplo. A revogação era uma antiga demanda da indústria hoteleira.
O atual ministro do Turismo, Marcelo Alvaro Antonio, é próximo dos filhos do presidente, mas Salles também se aproximou, mais recentemente da prole bolsonarista quando ficou claro que precisaria ampliar o leque de apoio para permanecer no cargo. Passou a jogar para a plateia radicalizada que compõe a base dos filhos na tentativa de substituir o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, ídolo deste campo.
O chanceler teria mais chances de ficar desde que baixasse o perfil com o qual atua. Se foi promovido a embaixador, num governo do PT, mesmo depois do artigo em que elevava Trump a farol da civilização ocidental, cabe não desprezar a capacidade de adaptação do ministro Ernesto Araújo à conjuntura.
O filho do presidente que toca de ouvido com Araújo, o deputado Eduardo Bolsonaro, já acalentou a ideia de o Brasil se tornar o farol da direita populista mundial quando Trump viesse a lhes faltar.
As perspectivas de sobrevivência política do seu pai, porém, falam mais alto. As maiores dificuldades de Bolsonaro decorrem do Congresso, especialmente da Câmara dos Deputados. O enfraquecimento de Bolsonaro torna ainda maiores as chances de um candidato como Arthur Lira (PP-AL) vir a ser eleito presidente da Casa.
A confiança que seus pares lhe depositam se deve à sua capacidade de arrancar benesses. Quanto mais fraco o governo, mais suscetível estará a pressões do gênero. Fica mais difícil também, num ambiente desses, o governo arrancar aumento de impostos impopulares ou medidas de contenção fiscal. Lira não tem a mesma identidade do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com a pauta fiscalista.
Some-se a isso o prognóstico de resultados eleitorais que não se avizinham muito animadores para o presidente em grandes centros, como São Paulo, Rio, Recife, Fortaleza, Porto Alegre e Manaus. Ele pode tentar se afastar deles, mas os parlamentares sabem distinguir um presidente que alavanca candidato daquele que é pesado para carregar. O frete para 2022 será estabelecido quando se fecharem todas as urnas, nos EUA e nos municípios brasileiros. Barato, não vai ficar.
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