Ao sabotar vacina, Bolsonaro sabota economia
Foto: Pedro Ladeira/Folhapress/ Reprodução
Dias depois de chamar a Covid-19 de gripezinha, em março, Jair Bolsonaro usou um argumento econômico para justificar sua indiferença diante da pandemia. “Não é apenas a questão de vida. É a questão da economia também”, declarou.
Bolsonaro fez uma escolha e defendeu por meses o retorno forçado a uma normalidade impossível. Agora, quando a chegada da vacinação abre o primeiro caminho para a redução do distanciamento e para uma retomada segura, a sabotagem presidencial permanece na equação.
As sirenes tocam alto na área econômica. O presidente do Banco Central declarou nos últimos dias que um atraso na vacinação “obviamente vai ter impacto na atividade”.
Já o número dois do Ministério da Economia precisou lembrar que a recuperação de vários setores está ligada à imunização. “Com a vacina, a população vai se sentir segura e, com isso, a economia vai se recuperar mais rapidamente”, disse o secretário-executivo Marcelo Guaranys.
O ministério de Paulo Guedes tem feito propaganda da destinação de R$ 20 bilhões para a compra e a distribuição de imunizantes. Mas o Palácio do Planalto se recusa a entender que não adianta despejar dinheiro no programa se o presidente continuar estimulando a população a recusar a vacina contra o coronavírus.
Os perigos são mais do que evidentes na cúpula da equipe econômica. O secretário Adolfo Sachsida disse ao SBT que a estimativa do governo para 2021 pressupõe “que a vacina está aí”, que os brasileiros seguem recomendações dos órgãos de saúde e que, aos poucos, “a pandemia vai diminuindo”. Sem essas condições, portanto, economia tem mais chances de continuar no buraco.
Pensando na própria sobrevivência política, Bolsonaro atacou as medidas de distanciamento que provocaram uma redução das atividades. Ele afirmava que “economia e saúde têm que andar de mãos dadas”. Primeiro, parecia que o presidente só queria saber do primeiro item, mas já está claro que ele não liga para uma coisa nem outra.
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