Jornal americano pede a Trump que pare a encenação

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Foto: Brendan Smialowski/AFP

“Senhor presidente, está na hora de parar com essa encenação nefasta”.

Com onze palavras, o jornal New York Post deu o melhor conselho que Donald Trump poderia receber, num daqueles editoriais que podem marcar época.

A vantagem é que o Post sempre apoiou o presidente, um raríssimo caso na grande imprensa. O editorial é em tom respeitoso e não trata Trump como um demente psicopata, o tom usado por jornais importantes como o New York Times e o Washington Post.

O jornal é um tabloide, mais conhecido pela Page Six, a página de fofocas e intrigas, e a manchetes fenomenais, principalmente quando envolvem poderosos às voltas com escândalos sexuais.

A capa da edição com o editorial de ontem seguiu o mesmo padrão de letras enormes: “Senhor presidente, PARE COM ESSA INSANIDADE”.

Acréscimo: “O senhor perdeu a eleição – veja aqui como salvar o seu legado’”.

Para isso, diz o Post, Trump tem que se concentrar na eleição complementar no estado da Georgia, para a escolha de dois senadores.

Estes dois farão uma tremenda diferença: manterão a maioria republicana no Senado. E um Senado republicano pode “pressionar Joe Biden a não retomar o velho e fracassado acordo com o Irã e impedi-lo de abrir a fronteira no sul e de mudar o equilíbrio na Suprema Corte”.

Se, ao contrário, os democratas somarem a maioria do Senado à que já têm na Câmara, “a que ponto chegará o aumento de impostos? Quantas de suas iniciativas serão sufocadas? E, no campo pessoal, o senhor acha que não passarão os próximos quatro anos torturando-o com investigações infundadas?”.

“O senhor tinha todo direito de investigar a eleição. Mas vamos ser claros: esses esforços não encontraram nada. Para dar dois exemplos: sua campanha pagou 3 milhões de dólares para a recontagem em dois distritos de Wisconsin, e o resultado foram 87 votos a menos para o senhor”’

“A Georgia fez duas recontagens da votação no estado, e cada uma delas reafirmou a vitória de Biden. Esses votos tiveram contagem manual, o que por si só elimina as alegações de conspiração à la Venezuela”.

O jornal acrescenta que a advogada de Trump que faz as alegações de fraude mais absurdas, Sidney Powell, é “uma pessoa louca”.

“Continuar por este caminho é desastroso. Dizemos isso como um jornal que o endossou, que o apoiou: se quiser consolidar sua influência, ou até preparar o terreno para um futuro retorno, precisa dirigir sua fúria para algo mais produtivo”.

O tom do Post é respeitoso e ao mesmo tempo incisivo, mas não chega ao grau do devastador editorial do Chicago Tribune, publicado em 9 de maio de 1974, uma semana depois que foram reveladas as gravações – ainda com trechos apagados – de Richard Nixon em seu gabinete na Casa Branca.

“Nós vimos o homem público em seu primeiro governo e ficamos impressionados. Agora, em cerca de 300 mil palavras, vimos o homem privado e estamos chocados”.

Sem moral, vacilante, desleal e indigno foram apenas algumas das características constatadas pelo editorial.

“Duas opções estão abertas. Uma é a renúncia. Outra é o impeachment. Ambas são legítimas e atenderiam a necessidade do devido processo legal”.

Três meses depois, sob impeachment e risco iminente de que fosse afastado da presidência com votos de senadores de seu próprio partido, Nixon renunciou.

É baixa a possibilidade de que Donald Trump dê ouvidos ao editorial do New York Post, um jornal do império de Rupert Murdoch, o magnata com quem ele gosta de conversar quando não estão estremecidos.

Ao contrário de presidentes em final de mandato que pensam na imagem que deixarão para a história – sem contar no dinheiro que ganharão com podcasts e séries da Netflix, as modalidades adicionadas às palestras e aos livros tradicionais -, Donald Trump está em outra.

Apesar da derrota, teve 74 milhões de votos e mantém um enorme prestígio entre o eleitorado republicano, onde passam de 70% os convencidos de que houve algum tipo de fraude na eleição de Joe Biden.

As possibilidades para a pós-presidência estão no ar: desde se recandidatar em 2024, quando estará com 78 anos – a idade de Biden -, até abrir um canal de notícias que faria concorrência à Fox de Murdoch junto ao público mais conservador.

Ou quem sabe retomar como mestre de cerimônias de O Aprendiz, o reality show candidatos ambiciosos à vida corporativa?

Com Trump, tudo é possível. Menos, possivelmente, enfrentar o risco de ser vaiado na posse de Joe Biden.

“Se o senhor insistir em passar seus últimos dias no cargo ameaçando queimar tudo, é assim que será lembrado”, advertiu o New York Post. “Não como um revolucionário, mas como um anarquista com o fósforo na mão”.

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